Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2023
Sem uma resposta física, o médico pode presumir que o paciente não entendeu.
Foto: iStockAlguns pacientes com lesão cerebral podem parecer estar em coma, mas não estão. Eles processam ao menos parte do que acontece ao seu redor, embora não consigam responder fisicamente. Sem essa resposta física, o médico pode presumir que o paciente não entendeu, diz o neurocientista Sudhin Shah, da Weill Cornell Medicine, em Nova York.
“Infelizmente, pode ser que estivesse processando, estivesse entendendo, estivesse querendo falar comigo. (Mas) Simplesmente não consegue”, comenta.
Essa desconexão entre compreender e responder é chamada de dissociação motora cognitiva (CMD, na sigla em inglês), um distúrbio de consciência após lesão cerebral.
Prevê-se que cerca de 15% dos pacientes que se acredita não responderem sofram com a dissociação, mas a maioria não obtém um diagnóstico porque isso requer equipamento e formação avançados.
Agora, pesquisadores usaram imagens de ressonância magnética estrutural – uma técnica que já faz parte do atendimento clínico de rotina – para identificar padrões de lesões cerebrais específicos de pacientes com CMD.
Esses exames de ressonância magnética poderiam ser usados como uma ferramenta de triagem para identificar pacientes com probabilidade de ter a dissociação, aumentando as chances de não serem removidos do suporte vital tão cedo e de se recuperarem.
Diagnóstico
Hoje, se alguém chega a um pronto-socorro com uma lesão cerebral, a equipe médica costuma usar tomografia computadorizada ou ressonância magnética estrutural – uma técnica que gera imagens do cérebro da pessoa – para identificar problemas, incluindo inchaço, vazamento de líquidos ou hemorragia, que precisam ser resolvidos e tratados imediatamente.
Muitas vezes também será realizado um eletroencefalograma (EEG, na sigla em inglês), onde eletrodos são colocados no couro cabeludo de uma pessoa e usados para procurar atividade elétrica, um bom indicador da saúde geral do cérebro.
Dependendo dos resultados desses testes, os pacientes receberão medicamentos, para prevenir convulsões, por exemplo, e possivelmente serão colocados em aparelhos de suporte vital. “Neste momento, o diagnóstico de CMD requer acesso a alguns laboratórios em todo o mundo”, disse Sudhin, que não esteve envolvida no estudo.
Para diagnosticar o a dissociação existem duas opções principais: o EEG funcional, uma abordagem muito mais avançada do que o EEG tradicional, e a ressonância magnética funcional (fMRI), que mede as alterações no fluxo sanguíneo em todo o cérebro.
Ao longo de cerca de 30 minutos, os pacientes são repetidamente solicitados a responder a perguntas ou comandos cuidadosamente escolhidos – por exemplo, “abra e feche sua mão” e “imagine abrir e fechar sua mão”. Cientistas e médicos precisam de treinamento extensivo para analisar e interpretar os dados de atividade cerebral dos pacientes coletados durante o interrogatório.