Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 28 de abril de 2025
Assíduo crítico do governo federal, o ex-ministro Ciro Gomes manteve o silêncio diante das fraudes bilionárias no INSS, que respingam em um de seus principais aliados, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Desde a megaoperação deflagrada pela Polícia Federal, Ciro não se pronunciou sobre o caso publicamente.
Em sua newsletter semanal, “O Brasil Desvendado”, publicada na última quinta-feira (24) — um dia após o escândalo vir à tona —, o ex-ministro manteve o tom crítico ao Palácio do Planalto, focando seus ataques na questão dos precatórios. A publicação já começa com o título “Ignorância não é estratégia de governo”.
No texto, Ciro critica o crescimento econômico do país, que considera abaixo do esperado, além da inflação, da alta dos preços e dos juros. “Quer mais? Veja o caso dos precatórios. Em 28 de dezembro, o governo Lula decidiu antecipar o pagamento de R$ 93 bilhões em precatórios que só venceriam em 2027. E o mais grave: muitos desses títulos haviam sido comprados por bancos com deságio de até 60%. Ou seja, o Seu João, dono do precatório, vendeu por 500 reais porque não sabia quando iria receber. O banco comprou barato e, no dia seguinte, recebeu mil. Um escândalo. Um cheque sem transparência, que enriquece quem já tem muito”, diz em trecho.
Ex-aliado do presidente Lula, Ciro encerra a newsletter afirmando que a política econômica do governo federal virou “uma farsa”. Segundo ele, “os banqueiros lucram, o povo paga e o governo finge que resolve o problema”.
Documentos do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) revelam que Lupi foi alertado ainda em 2023 sobre irregularidades nos descontos de mensalidades de aposentados e pensionistas, mas demorou quase um ano para adotar providências.
As fraudes levaram a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) a deflagrar na última quarta-feira (23) a operação “Sem Desconto”, que apura o desvio de mais de R$ 6 bilhões em aposentadorias e pensões.
Ciro e Lula foram aliados durante o primeiro mandato do petista (2003–2006), período em que Ciro ocupou o cargo de ministro da Integração Nacional. O distanciamento entre ambos começou nas eleições de 2018, quando Ciro teria recusado o convite para ser vice de Lula e, no segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PL), viajou para Paris, evitando declarar apoio.
Quatro anos depois, nas eleições de 2022, Ciro intensificou suas críticas ao PT e desde então atua como opositor do governo Lula. Sua postura provocou, inclusive, um rompimento com o irmão, o senador Cid Gomes, que deixou o PDT e migrou para o PSB. (Com informações do jornal O Globo)