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Aliados aconselham o presidente da Câmara dos Deputados a rejeitar vaga em ministério, mas base defende “amarrá-lo a Lula” e evitar deixá-lo “solto” no Congresso em 2025

Na Esplanada, o destino mais provável hoje seria o lugar de Carlos Fávaro (PSD) no Ministério da Agricultura. (Foto: Pablo Valadares/Câmara Federal)

O futuro político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é alvo de uma bolsa de apostas no Congresso e no Planalto. Interlocutores do presidente Lula consideram que o melhor seria “amarrar” o deputado em um ministério e evitar deixá-lo “solto” no Congresso em 2025. Aliados do alagoano, por outro lado, o aconselham a não embarcar no governo porque ele ficaria preso em burocracias e teria pouco tempo para pavimentar sua candidatura ao Senado em 2026.

Na Esplanada, o destino mais provável hoje seria o lugar de Carlos Fávaro (PSD) no Ministério da Agricultura, embora interlocutores não descartem a Saúde. Quando é indagado sobre o assunto, Lira é categórico: diz que não recebeu nenhum convite, não tem expectativas e não trata de especulações.

Arthur Lira termina um período de quatro anos no comando da Câmara com duas importantes vitórias: a aprovação da reforma tributária, legado que ele planejava deixar, e o caminho aberto para eleger Hugo Motta (Republicanos) como sucessor.

Após aprovar o pacote fiscal, Lira avaliou entre aliados que a melhora do mercado, com uma queda significativa do dólar, por exemplo, dependerá de uma comunicação mais clara do governo em 2025 sobre o compromisso com as contas públicas. Ele rechaça críticas sobre a desidratação do ajuste.

O Estado de Alagoas é o maior beneficiado no remanejamento de emendas de comissão assinado por líderes partidários da Câmara dos Deputados. Alagoas é o Estado do presidente Arthur Lira, que organizou o documento enviado aos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) na quinta-feira (12). Lira e a Câmara não se manifestaram sobre os critérios do direcionamento das verbas.

R$ 73,7 milhões

No documento, assinado por 17 líderes, Alagoas recebe mais R$ 73,7 milhões em emendas de comissão, enquanto nove Estados ficaram sem nenhum recurso adicional. O Estado do presidente da Câmara já é um dos mais beneficiados na divisão original dos recursos.

Para entidades que trabalham pela transparência das informações públicas, o ofício sigiloso dos líderes contraria a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que liberou a execução das emendas parlamentares no começo do mês. No documento, os líderes de 16 partidos e do governo, José Guimarães (PT-CE), assumem coletivamente a indicação de R$ 4,1 bilhões em emendas de comissão. A maior parte desse valor (R$ 3,84 bilhões) é de “ratificação de indicação já encaminhada”, segundo o documento, mas há também R$ 158,3 milhões de novas indicações. É nessa fatia que Alagoas foi o Estado mais beneficiado.

Dois municípios alagoanos encabeçam a lista de cidades mais beneficiadas pela “indicação coletiva”. A campeã é Palmeira dos Índios (AL), cidade de 73 mil habitantes a 136 km de Maceió, que receberá R$ 12 milhões a mais. Em seguida, há uma emenda de R$ 10,9 milhões para a secretaria estadual de Saúde alagoana e para Pilar (AL).

Depois vem Cotia (SP) e Iturama (MG), seguidas de mais duas cidades alagoanas, base eleitoral de Arthur Lira: Coruripe (R$ 8 milhões) e Arapiraca (R$ 7 milhões). Nas duas cidades, o presidente da Câmara é aliado dos prefeitos: Marcelo Beltrão (PP) em Coruripe; e Luciano Barbosa (MDB) em Arapiraca. O ofício com a “indicação coletiva” foi revelado pela revista Piauí. (Estadão Conteúdo)

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