Os aliados de Jair Bolsonaro (PSL), que lidera a disputa segundo os levantamentos, se estranham: o filho e o vice do deputado divergem sobre a substituição do candidato em debates na TV. Médicos optaram por uma intervenção após detectar uma obstrução no intestino delgado. Segundo os médicos, o candidato passa bem.
Enquanto isso, o empate técnico constatado pelas mais recentes pesquisas Ibope e Datafolha levaram os quatro candidatos que formam, neste momento, o segundo pelotão da corrida presidencial a rever estratégias para chegar ao segundo turno.
Ciro Gomes (PDT) pretende concentrar esforços no Nordeste e no Sudeste, mostrando-se como alternativa à polarização PT e PSDB. Marina Silva (Rede) quer conquistar o eleitorado feminino, nordestino e de baixa renda. Fernando Haddad (PT) investirá nas regiões onde Lula tem maior popularidade, enquanto se esquiva de ataques. Do grupo, Geraldo Alckmin (PSDB) é o único a não brigar pelo espólio do ex-presidente: vai reforçar discurso do voto útil, de olho no eleitor antipetista.
Recomendação médica
Os auxiliares mais próximos do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) já descartam a hipótese de ele ser liberado para qualquer ato de campanha nas ruas antes do dia da votação no primeiro turno, em 7 de outubro. Complicações na recuperação de Bolsonaro, que na noite de quarta-feira foi submetido a uma cirurgia de emergência para desobstruir o intestino, estão dificultando até mesmo sua comunicação com os assessores mais próximos, conforme contou nesta quinta-feira seu filho Flávio Bolsonaro, deputado estadual e candidato a senador no Rio.
Em entrevista à Rádio 97,1 FM, Flávio revelou que os médicos recomendaram que Bolsonaro evite até mesmo falar, para diminuir o acúmulo de gases na região do abdômen, que ainda precisa de cicatrização interna. Por causa disso, seus filhos e assessores mais próximos tiveram de adiar os planos de fazer transmissões ao vivo, pelas redes sociais, com Bolsonaro falando diretamente aos eleitores desde o hospital Albert Einstein, onde está internado em São Paulo.
“Ele não está conseguindo nem falar direito ainda, então não pode ir pra internet pra fazer transmissão ao vivo, conversar com todo mundo. A orientação médica é que nem fale, porque quando fala acumula gases e pode ocasionar mais dor ainda”, explicou Flávio Bolsonaro. “Ao que tudo indica, no primeiro turno não vai ter mais condições médicas de ir pra rua de novo. Praticamente impossível, como ele vai pra rua?… A cirurgia de reconstituição do intestino dele vai acontecer daqui a dois meses ou mais, não tem como ir pra rua com a barriga aberta ainda. É risco de infecção, é risco de arrebentar. É totalmente contraindicado.”
Uma semana depois do atentado, aliados já avaliam a dificuldade de atrair o mesmo número de simpatizantes em agendas públicas relacionadas à campanha sem a presença do candidato. O presidente do PSL de São Paulo, Major Olimpio, disse que a campanha de Bolsonaro terá menos pessoas nas ruas enquanto o candidato não puder retomar a rotina.
“Não temos essa capacidade de levar milhares de pessoas às ruas, como é uma característica e uma força do Jair Bolsonaro. Mas vamos levar a mensagem”, disse Olímpio
Segundo Olímpio, as agendas estão sendo divididas, algumas com as maiores lideranças do partido juntas para atrair mais pessoas.
“As caravanas de eventos por cidades que tinham previsão da presença de Jair Bolsonaro serão mantidas. Nós temos a previsão de um roteiro que faríamos com ele na região de Assis, Ourinhos, Marília, Santa Cruz do Rio Pardo, terminando em Bauru. Eu convidei, e o Eduardo Bolsonaro e o general Mourão estarão comigo.”
A coordenação da campanha nega enfraquecimento da militância, apesar da pouca mobilização nas ruas após a internação de Bolsonaro.
“Bolsonaro não está nas ruas, mas a campanha nas redes sociais está mais forte do que nunca. Não há desmobilização – disse um integrante da cúpula da campanha.”