Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2022
Combatente checheno exibe bandeira que pertencia a brasileiro morto na Ucrânia.
Foto: ReproduçãoA bandeira do Brasil levada para a Ucrânia por André Hack Bahi, primeiro brasileiro morto na guerra contra a Rússia, está em poder de militares da Chechênia. Um vídeo publicado nas redes sociais no fim de semana mostra um combatente checheno, que atua ao lado dos russos no conflito, segurando o símbolo nacional quer era do gaúcho.
As imagens mostram o checheno com a bandeira assinada por Bahi e outros voluntários – brasileiros e de outros países – que foram para a Ucrânia lutar contra os russos.
Bahi, de 43 anos, lutava ao lado das forças da Ucrânia desde o final de fevereiro e morreu vítima de ataques russos, no começo de junho. Em nota, o Itamaraty informou ter recebido a informação sobre o falecimento da Embaixada do Brasil em Kiev.
No vídeo, o combatente checheno afirma que as legiões estrangeiras chegam à Ucrânia com a expectativa de ter suporte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), mas “assim que esse pessoal chega aqui, se depara com outra realidade. Eles começam a entrar em pânico”.
Em seguida, o checheno mostra a bandeira do Brasil e diz que ela foi pega “de uma legião estrangeira que destruímos”.
Morte em conflito
Nascido em Porto Alegre e criado em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, ele chegou à Ucrânia no final de fevereiro pela fronteira com a Polônia, tendo ido até lá pagando a passagem do próprio bolso. Antes de ir para a Ucrânia ele esteve em Portugal, vindo de Fortaleza, onde morava.
Segundo a família, um soldado português testemunhou quando Hack Bahi foi alvejado.
Por já ter experiência de combate — além de ter servido e trabalhado como segurança privado no Brasil, ele já tinha feito parte da Legião Estrangeira da França —, rapidamente passou a integrar as Forças Especiais do Exército ucraniano, ao lado de outros dois brasileiros, Leanderson Paulino e André Kirvaitis.
Em entrevista, Jamille Salati, mãe de dois filhos de Hack Bahi, contou que ele sonhava em participar de confrontos militares e fantasiava morrer no campo de batalha:
“Ele sempre teve esse sonho. Gostava muito de ver o filme ‘O Resgate do Soldado Ryan’ e dizia que o seu sonho era ir para a guerra, lutar e morrer como herói”, afirmou. “Eu achava um delírio. Como ele podia pensar uma coisa dessas?”
Salati e Hack Bahi tiveram dois filhos, Leonardo, de 14 anos, e Manuelle, de 9. Eles se conheceram em Eldorado do Sul, na Região metropolitana de Porto Alegre, havia 19 anos e se separaram havia 9. Ele ainda teve outra filha, Álexyà, de dois anos, com sua atual esposa, que vive em Fortaleza, onde ele também morava antes de ir para a Ucrânia.
Ex-militar
A família de um gaúcho que havia se alistado para lutar na guerra da Ucrânia foi informada no último sábado (2) que ele, que estava lutando desde março, foi morto em um bombardeio russo na região de Kharkiv.
Trata-se de Rodrigues Búrigo, 40 anos, que serviu ao Exército brasileiro por quatro anos e viajou para a Europa, onde lutou ao lado dos militares ucranianos.
Ele postou registros do campo de batalha em sua conta no Instagram. Na última postagem, feita há duas semanas, falava de “aproveitar cada momento”.
A morte ainda não foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, mas foi informada a um portal brasileiro pelo pai do combatente, Pedro Elson Vieira Búrigo.
“Quase todo dia a gente se comunicava. Ele estava com o telefone, comprou um chip europeu e falava todo dia”, disse o pai. “Ele foi, a princípio, para serviço humanitário. A ideia dele era chegar lá e fazer serviço humanitário. Era o sonho dele ajudar, mas acho que depois deu errado e foi direto para a linha de frente, e o mais errado aconteceu”, completou.
Segundo a família, Búrigo deixou São José dos Ausentes, no interior gaúcho, em março, foi de ônibus para São Paulo e pegou um avião para a Polônia, de onde atravessou a fronteira para o país em guerra e se alistou. Ela deixa um filha de 15 anos.