Segunda-feira, 07 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2025
Réu por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem convivido com pressões de aliados, que tentam convencê-lo a deixar de se colocar como candidato ao Planalto em 2026. Inelegível desde a condenação por ataques às urnas eletrônicas, Bolsonaro vem se movimentando em busca de manter o seu espólio político – e é justamente esse o argumento utilizado por quem mira dissuadi-lo do plano.
Entre caciques de partidos de centro e integrantes do próprio PL, o desejo é que Bolsonaro encampe um outro nome, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o quanto antes. Interlocutores como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP, também insistem para que o ex-presidente construa uma alternativa viável no campo da direita até o fim do ano.
Em paralelo, Bolsonaro ensaia uma reaproximação com outros nomes do campo conservador, como os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ronaldo Caiado (União-GO), de Goiás; e Ratinho Jr. (PSD-PR), do Paraná — todos também presidenciáveis. O objetivo é costurar apoios ao projeto que anistia os condenados – atos de 8 de janeiro de 2023.
A mesma meta levou o ex-presidente a ampliar o diálogo com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, depois que o dirigente chegou a dar entrevistas afirmando que a anistia não deveria ser debatida no Congresso neste momento. No passado, os dois também tiveram a relação estremecida por críticas de Pereira à ida de Bolsonaro para os Estados Unidos antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar do aceno a outras lideranças da direita, Bolsonaro ainda resiste em dar o braço a torcer, por temer que a retirada do próprio nome do páreo simbolize a sua “morte política” e implique em uma fragmentação da direita.
Dentro do PL, também há a aposta de que o bolsonarismo adotará um tom mais moderado e caminhará para o centro, depois de encerradas as discussões sobre a anistia pelo 8 de Janeiro. A estratégia seria necessária para atrair eleitores na disputa de 2026.
Aliados tentam usar os números desfavoráveis sobre o governo Lula como argumento para que Bolsonaro dê logo uma sinalização mais clara. Na última quinta-feira, o Planalto realizou um evento em tom de campanha e aumentou as comparações com a gestão anterior, dando mais subsídios a quem defende que a oposição defina o quanto antes uma linha de atuação.
Próximo ao ex-presidente, Ciro Nogueira diz, porém, que Bolsonaro só deve se decidir no segundo semestre: “Sou muito pragmático na política. Hoje, não há chance de o Bolsonaro lançar outro nome, não vejo isso ocorrer no curto prazo. Mas defendo que ele escolha até o fim do ano, se não estiver elegível. Por mais que surjam outros candidatos, o escolhido por ele será o nome da direita. Não acredito em fragmentação deste campo, nem em uma perda de capital político. Enquanto Lula e Bolsonaro estiverem vivos, serão os nomes respectivos da esquerda e da direita.”
Embora relutante, Bolsonaro já demonstra mais abertura ao diálogo com outros nomes da direita do que no passado. Ratinho Jr., Caiado e Zema, agora afagados, foram alvos de frituras recentes do bolsonarismo justamente devido às pretensões para a corrida presidencial do ano que vem.
Vice-presidente do Congresso, o deputado bolsonarista Altineu Côrtes (PL-RJ) é da ala que não projeta opções para a disputa e garante que a escolha não passa pelo crivo de outros correligionários.
“O Valdemar (Costa Neto, presidente do PL) delegou ao Bolsonaro o comando das eleições de 2026, e o candidato é ele até o momento, mesmo com a inelegibilidade. Acreditamos na reversão. Nada será feito sem o comando dele. Essas correntes (que defendem a escolha de outros nomes) são da política, tem gente ansiosa por aí. Existem deputados e pessoas do centro que defendem uma definição, mas ainda falta muita água para rolar até a eleição. Bolsonaro segue como o nome mais forte, mas criou outras candidaturas com chances enormes, como a do Tarcísio”, pondera Altineu.
Bolsonaro deve mergulhar, nos próximos meses, no projeto “Rota 22”, no qual o próprio ex-presidente cumprirá uma série de agendas em municípios de grande densidade populacional, espalhados por oito estados. O objetivo é que Bolsonaro vá aos locais e, junto de prefeitos e governadores, faça atos enumerando os feitos da sua gestão na Presidência. As informações são do jornal O Globo.