Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Por Cláudio Humberto | 4 de outubro de 2022
Articuladores próximos a Jair Bolsonaro tentam facilitar o entendimento com o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), para o segundo turno. E sonham também com uma aproximação com o ex-candidato Ciro Gomes (PDT), que permanece relutante sobre declarar apoio a qualquer dos “finalistas”. Uma aliança com Bolsonaro seria prova de maturidade da política brasileira, tão comum mundo afora, mas a dúvida é se Ciro pagaria o preço de dar as costas à esquerda.
Conversa a três
A conversa de Bolsonaro com Rodrigo Garcia incluiria seu companheiro de chapa, deputado Geninho Zuliani (União Brasil-SP).
Votos em comum
Bolsonaro e Rodrigo Garcia têm em comum os respectivos eleitores, que não votam em candidatos do PT.
Desconforto
Autor de ácidas críticas ao envolvimento de Lula com corrupção, Ciro Gomes se sente desconfortável para apoiar o petista no 2º turno.
Partido resistiria
Ciro, no entanto, sabe que o PDT, sem ele, volta a ser o velho puxadinho do PT, e não aceitaria entendimento partidário com Bolsonaro.
Mercado reage otimista à votação de Bolsonaro
Engabelado pelas pesquisas eleitorais, precificando a vitória de Lula (PT) já no primeiro turno, que não se confirmou, o mercado reagiu com otimismo, quase euforia à demonstração de força do presidente Jair Bolsonaro, fechando em alta de 5,5%, o que não acontecia desde abril de 2020, e fazendo o dólar desabar 4,1%. O otimismo não tem a ver exatamente com a preferência por Bolsonaro, mas sim com o fato de que o petista agora terá de ser mais claro sobre seu programa na economia.
Estatal imexível
As ações da Petrobras, saqueada na era petista, dispararam 8%, sinalizando a repulsa do mercado às ameaças de interferência de Lula.
Sem surpresas
Com o resultado de Bolsonaro, ganha força a agenda liberal pró-privatizações com foco na responsabilidade fiscal. O “mercado” adorou.
Ojeriza máxima
Mesmo sem um plano de governo, Lula já declarou que vai acabar com o teto de gastos e aumentar o descontrole fiscal. O “mercado” detestou.
Ciscando para dentro
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), terá papel essencial na articulação de novos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno. A ordem é não desprezar qualquer chance de “ciscar pra dentro”.
Ops, perderam
Ao contrário dos clientes, o ainda senador Antonio Reguffe (DF) se deu bem na estreia como consultor de “planejamento estratégico” eleitoral. Cobrou R$ 500 mil de Samantha Meyer (PP) e R$ 200 mil de Joe Valle (PDT), candidatos a deputada distrital e a senador. Ambos perderam.
Respaldo nas urnas
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), mostrou na eleição que sua liderança em Alagoas não é casual. Foi o deputado federal mais votado, com quase 220 mil votos, mais do dobro do segundo colocado.
Campeão nordestino
André Ferreira (PL-PE) figura como único nordestino na lista dos doze 12 deputados federais mais votados. O irmão do ex-candidato a governador Anderson Ferreira foi o mais votado em Pernambuco: 273.267 votos.
Não se emenda
Após errar mais que bêbado tentando enfiar chave no buraco da fechadura, o Ipec (ex-Ibope) registrou no TSE pesquisa para o 2º turno. Difícil agora será achar quem dê crédito aos números.
Coveiro do PSDB
O PSDB pegou o caminho da extinção, este ano, sob a presidência de Bruno Araújo (PE), menor que o cargo. Mas ele nem sequer cogita renunciar, como nos partidos mais longevos das melhores democracias.
Volta por cima
O eleitor ignorou os ataques ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, sobretudo na CPI da Pandemia, e o elegeu como o segundo deputado federal mais votado no Rio de Janeiro, com as bênçãos de Bolsonaro.
Cartão vermelho
Não se reelegeu Orlando Silva (PCdoB-SP), aquele que foi flagrado pagando até tapioca com cartão corporativo, no governo Lula. Será suplente e dependerá de abertura de vaga para voltar à Câmara.
Pensando bem…
…já tem muita gente torcendo pela próxima pesquisa errada.
PODER SEM PUDOR
Dos bigodes à barba
Então ministro das Relações Exteriores de Lula, Celso Amorim ganhou um apelido até hoje lembrado pelos diplomatas da sua geração. A maldade foi do embaixador Sérgio Corrêa da Costa, com quem Amorim serviu em Londres, nos anos 1970: “Celsinho Quitandeiro”. É que ele usava fartos bigodes, como os de um quitandeiro português. Depois deixou crescer a barba, adotando modelito “esquerdista”, muito embora no regime militar ocupasse a presidência da estatal Embrafilme. E se tornou figura de destaque entre os “barbudinhos” do Itamaraty.
Com André Brito e Tiago Vasconcelos
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