Quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de abril de 2018
Caminhando pelos corredores de um supermercado você encontra muitos produtos classificados como “livre de transgênicos”, mas é muito mais difícil detectar pequenas letras informando que aquele alimento é “parcialmente produzido por engenharia genética”, resultado de uma lei federal americana de 2016 que obriga a rotulagem uniforme de todos os produtos alimentares que contenham ingredientes geneticamente projetados.
A exigência surgiu em resposta à pressão pública e a uma série de leis estaduais confusas. Apesar de eu apoiar o direito do público à informação e a rotulagem honesta de todos os produtos, é importante ter em mente que isso pode ser enganoso. Agricultores e cientistas modificam geneticamente os alimentos há séculos, através de programas de reprodução que resultam em uma troca descontrolada de material genético. O que muitos consumidores podem não perceber é que há décadas, além de cruzamentos tradicionais, cientistas agrícolas utilizaram radiação e produtos químicos para induzir mutações gênicas em culturas comestíveis, na tentativa de atingir características desejadas.
A engenharia genética moderna difere em dois pontos: apenas um ou alguns novos genes com uma função conhecida são introduzidos em uma lavoura; às vezes a novidade provêm de uma espécie diferente. Assim, um gene para adicionar tolerância a geadas ao espinafre, por exemplo, poderia vir de um peixe que vive em águas geladas.
Desde que os alimentos geneticamente modificados começaram a chegar ao mercado, décadas atrás, nenhum efeito adverso para a saúde dos consumidores foi registrado – o que não quer dizer que não exista. O fato é que, por mais que os adversários da tecnologia procurem, nenhum foi definitivamente identificado.
Embora noventa por cento dos cientistas acreditem que os transgênicos sejam seguros – visão apoiada pela Associação Médica Americana, a Academia Nacional de Ciências, a Associação Americana para o Avanço da Ciência e a Organização Mundial de Saúde – pouco mais de um terço dos consumidores compartilha dessa crença. Não é possível provar que uma comida seja segura, apenas dizer que não há perigo aparente. O medo dos transgênicos ainda é teórico, assim como a ideia de que inserir um ou mais genes em um alimento poderia ter um impacto negativo sobre outros de seus genes naturais.
As preocupações mais comuns, que não foram claramente demonstradas, são mudanças indesejadas nos valores nutricionais, a criação de alérgenos e efeitos tóxicos em órgãos. De acordo com uma entrevista na revista Scientific American, com Robert Goldberg, biólogo molecular botânico da Universidade da Califórnia em Los Angeles, tais receios não foram suprimidos apesar das “centenas de milhões de experiências genéticas envolvendo cada tipo de organismo na Terra e os bilhões de refeições feitos por todos, sem que haja algum problema”.
Estabelecer a segurança em longo prazo exigiria décadas de estudos caros, com centenas de milhares de consumidores de transgênicos e de não transgênicos.
Enquanto isso, vários benefícios impressionantes já foram estabelecidos. Por exemplo, uma análise de 76 estudos publicada em fevereiro, no periódico Scientific Reports, feita por pesquisadores de Pisa, na Itália, descobriu que o milho geneticamente modificado tem um rendimento maior e contém menos toxinas comumente produzidas por fungos.
Esses efeitos provavelmente derivam de uma modificação genética feita para que as plantas resistam a pragas causadas por insetos, que danificam as espigas e permitem que os fungos floresçam. Os pesquisadores disseram que a alteração teve pouco ou nenhum efeito sobre outros insetos. Ao desenvolver essa resistência, os agricultores puderam usar menos pesticidas e aumentar o rendimento, garantindo sua segurança e a do meio ambiente, ao mesmo tempo em que reduzem o custo dos alimentos e ampliam sua disponibilidade. Safras de milho, algodão e soja aumentaram entre vinte e trinta por cento com o uso da engenharia genética.
Todos os anos, bilhões de animais são criados nos EUA com rações que contém ingredientes transgênicos, sem evidência de nenhum mal. Na verdade, o desenvolvimento e a saúde desses animais melhoraram com os alimentos geneticamente modificados, de acordo com um artigo de 2014 no Journal of Animal Science.