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Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2023
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, tem intensificado reuniões com políticos e dialogado com grupos que são ideologicamente distantes do governo federal. Nos últimos meses, o chefe do banco estatal de fomento se reuniu com nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Mercadante foi ministro da Casa Civil da ex-presidente Dilma Rousseff em 2014 e 2015 e era um dos responsáveis pela articulação política do governo. Na época, era alvo de constantes críticas da base aliada, que reclamava da falta de diálogo. Ele acabou remanejado para a pasta da Educação.
O presidente do BNDES esteve no último fim de semana na França, em um evento organizado pelo grupo Esfera. Lá, conversou com Ciro Nogueira e os dois combinaram de se reunir em Brasília como forma de reaproximação. Mesmo com o aliado André Fufuca no comando do Ministério dos Esportes, Nogueira se classifica hoje como oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do PP foi ministro da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro e tem se posicionado publicamente a favor do ex-chefe.
Também estavam presentes no evento na França os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.
De acordo com Mercadante, o posicionamento atual de Nogueira não impede um diálogo.
“Fomos senadores juntos e tivemos uma relação muito boa. As diferenças políticas não devem impedir o diálogo, vamos colocar a conversa em dia. Nos cumprimentamos no seminário do Esfera e combinamos de nos encontrar”, disse o petista.
Elogio público
Da mesma forma, em setembro, o presidente do BNDES recebeu Ciro Gomes (PDT) no Rio de Janeiro. O ex-presidenciável tem atacado Lula e o PT desde 2018 e mantém o posicionamento contrário ao governo, principalmente com críticas à economia. Ainda assim, ele elogiou Mercadante e disse que a “a atual gestão do banco tem feito um trabalho importante com o intuito de reindustrializar nosso país”, em mensagem publicada nas redes sociais.
Em outro sinal de busca de diálogo com forças distantes do PT, Mercadante se reuniu no dia 16 de agosto com o governador de São Paulo para falar sobre obras contempladas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Cinco dias antes, o governo federal fez um evento no Rio para lançar oficialmente o PAC e Tarcísio não compareceu.
“O Aloizio Mercadante era, até sete meses atrás, um paulista mal-humorado, carrancudo. Ele se mudou para o Rio de Janeiro e virou outro ser humano. Vive sorrindo, o bigode dele está reluzente”, brincou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), em agosto.
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do governo, minimizou a atuação do correligionário. Disse que as reuniões de Mercadante fazem parte da atribuição dele como presidente do banco:
Embate com Haddad
Durante o período da transição de governo, no final do ano passado, houve um conflito entre Mercadante e o então escolhido para a Fazenda, Fernando Haddad, por conta da reoneração dos combustíveis. O embate continuou no começo do ano, quando o BNDES promoveu um seminário sobre política fiscal e monetária.
Houve nova rusga em relação a uma dívida de R$ 23 bilhões do BNDES com o Tesouro Nacional, que está dentro da estrutura do ministério comandado por Haddad. Nesta semana, porém, Mercadante disse que foi feito um acordo com a Fazenda para o parcelamento da dívida e ele está encaminhando para ser homologado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Interlocutores de Haddad dizem que a relação entre o ministro e o presidente do banco estatal melhorou.