Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de fevereiro de 2025
A cada 45 dias, a taxa Selic rende manchetes nos jornais depois das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). No mundo real, os termos e os números apresentados acabam dificultando o entendimento do quão prejudicial ou não a diferença de percentual pode ser. O último reajuste, feito no dia 29 de janeiro, aumentou a tarifa básica para 13,25%, subindo em um ponto. Com esse “choque de juros”, é necessário ter atenção redobrada para não perder o controle sobre as dívidas e os investimentos.
O nome Selic se origina da sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, uma estrutura do mercado financeiro administrada pelo Banco Central (BC). O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ronaldo Fiani, explica que a Selic registra as compras e vendas de títulos públicos e as taxas de juros dessas operações.
“Ela influencia os empréstimos entre bancos, conhecidos como ‘operações compromissadas’. Nesses empréstimos, um banco que precisa de dinheiro pega recursos de outro banco, oferecendo títulos públicos como garantia. Ou seja, ele vende os títulos com o compromisso de recomprá-los no dia seguinte, com juros”, comenta.
Fiani detalha que o Copom define uma meta para a taxa Selic. Se ela sobe além da estimativa, o BC injeta dinheiro no mercado comprando títulos públicos, o que reduz os juros. Ficando abaixo da meta, ele vende títulos, retirando dinheiro do mercado e elevando os juros até alcançar a meta.
Dia a Dia com a Selic
Caso a atividade econômica esteja intensa, com muitas pessoas consumindo e as empresas investindo, a demanda por bens e serviços aumenta, e com isso os preços sobem e a inflação acelera. Segundo Fiani, isso faz o Banco Central desestimular a atividade econômica, porque avalia que a inflação está elevada, ou acredita que há risco significativo de aceleração inflacionária. Assim, o Copom eleva a meta da taxa.
A Selic estabelece um piso para as tarifas de juros: quando ela sobe, as demais aumentam. Isto significa que os empréstimos, financiamentos e rolagem do cartão de crédito ficam mais caros. Se um consumidor pensa duas vezes antes de parcelar a compra, ele já está sentindo na prática a alta.
“Penso nela como a ‘maior influenciadora’ das taxas de juros – tudo no mercado segue o ritmo dela”, afirma Karla Freitas, especialista em investimentos e fundadora do projeto Sua BFF Rica. o impacto mais visível é o aumento das tarifas cobradas pelos cartões de crédito. Outra consequência são os empréstimos, que, mesmo com juros pré-fixados, podem pesar mais no bolso com a alta da Selic. Ou seja, financiar um carro, um imóvel ou até parcelar a compra dos sonhos pode sair bem mais “salgado”.
Dados do Serasa, de outubro de 2024, indicam 73 milhões de endividados no Brasil
O universitário Mathias Oliveira, 20 anos, conta que o aumento da Selic o prejudicou ao elevar o custo de sua dívida. O jovem abriu um MEI para prestar serviços como técnico em eletrônica, mas faz tempo que não realiza nenhum trabalho nessa área. Com o passar dos meses, as mensalidades obrigatórias do Documento de Arrecadação do Simples Nacional foram se acumulando, gerando uma dívida devido ao não pagamento dessas taxas. “Infelizmente, estou sem ter como pagar. Tudo virou uma bola de neve.”
Conforme dados do Serasa, de outubro de 2024, são 73 milhões de pessoas endividadas no Brasil. A pesquisa mostra que os brasileiros entre 41 e 60 anos são a maioria com nome restrito (35,1%). Em seguida, estão as idades de 26 a 40 anos (34,0%), acima dos 60 (19,2%) e os jovens entre 18 e 25 anos (11,8%). As informações são do portal Pressreader.