Os sintomas de Alzheimer se dividem entre amnésicos e não amnésicos. O primeiro grupo é aquele relacionado à perda total ou parcial de memória e equivale a 94% dos casos acima dos 65 anos. Já o segundo grupo diz respeito às formas atípicas da doença e responde pelos 6% restantes na maioria dos pacientes. Para ter ideia, de 1,2 milhão de casos no Brasil, 72 mil são das formas atípicas. Segundo o neurologista Adalberto Studart Neto, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo e membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), elas compreendem cinco variantes: visual, de linguagem, disexecutiva, comportamental e motora.
Visual
Também conhecido como atrofia cortical posterior (ACP), esse subtipo se caracteriza por “dificuldade no processamento cerebral da informação visual”. Em outras palavras: a visão é normal, mas o cérebro do paciente com ACP não consegue reconhecer o que vê. O sujeito também apresenta dificuldade para processar a informação espacial.
“É como se ele não conseguisse localizar onde está determinado objeto”, esclarece Studart Neto. Por achar que se trata de um problema de visão e não de um sinal de demência, o idoso tende a procurar um oftalmologista.
Linguagem
A também chamada afasia progressiva primária logopênica (APPL) é caracterizada principalmente pela dificuldade para encontrar palavras e nomear objetos. Por essa razão, o indivíduo tenta completar frases e concluir raciocínios, mas, por causa de um repertório vocabular reduzido, não consegue.
Não bastasse, tem dificuldade para repetir e compreender frases longas e complexas – na melhor das hipóteses, reproduz apenas frases curtas e palavras isoladas. Resumo da ópera: seu discurso é pouco fluente, tem ritmo lento e é repleto de pausas.
Disexecutiva
Nesta variante, o paciente apresenta, entre outros sintomas, dificuldade para planejar e organizar as tarefas do dia a dia, como sacar dinheiro, fazer compras e preparar o almoço. Quem não o conhece jura de pés juntos que é “bagunceiro”, “incapaz” ou “desorganizado”.
“Para piorar a situação, não consegue executar um plano B quando há imprevistos ou algo dá errado”, observa Studart Neto. O que até pouco tempo atrás era fácil e rápido de ser feito, torna-se, para desespero da família, uma missão complicada e demorada.
Comportamental
Como o nome já diz, as mudanças de comportamento surgem antes das alterações cognitivas como primeiros sintomas. Quem era apático torna-se desinibido e vice-versa. E não para por aí. Outros sinais: irritação, agressividade, mau humor, perda de empatia. Sem motivo aparente, o indivíduo começa a desconfiar de tudo e de todos.
Pior: começa a apresentar comportamentos inadequados ou compulsivos. Nessa variante, as alterações surgem no início da doença. Nos casos típicos, são mais comuns na fase moderada ou avançada da demência.
Motora
É denominada também de síndrome corticobasal (SCB). Neste caso, o indivíduo apresenta sintomas parecidos aos do Parkinson, como lentidão, rigidez e desequilíbrio, entre outras dificuldades motoras. Mas há diferenças, como a distonia e as mioclonias, que são contrações musculares involuntárias semelhantes a espasmos.
Enquanto o paciente com Parkinson apresenta demência na fase avançada, o portador da variante motora desenvolve o quadro já no início. Em 70% dos casos, apresentam outras doenças, como a degeneração corticobasal (DCB), como causa da demência.
Outros sintomas
O livro Como Enfrentar o Alzheimer, da coleção Saúde da Mente, descreve outros sinais precoces, como:
– Olhar vago: o indivíduo parece distante, como se não estivesse prestando atenção;
– Dificuldade para dormir: adormecer é tão difícil quanto permanecer dormindo – pode acordar diversas vezes durante a noite;
– Isolamento social: a pessoa prefere ficar sozinha a participar de atividades que, em um passado não muito distante, eram prazerosas.
Outro sinal de alerta é a “síndrome do pôr do sol” (ou “sundowning”, no original em inglês). É quando os demais sintomas tendem a se acentuar entre o fim da tarde e o início da noite. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.