Um novo tratamento para o Alzheimer apresentou resultados positivos na última fase de testes. O anticorpo monoclonal que recebeu o nome de lecanemab retardou o declínio cognitivo em 27% em comparação com um placebo, informaram as farmacêuticas Biogen e Eisai, responsáveis pelo medicamento.
A droga, que está na fase 3 de um ensaio clínico global, também atendeu a todos os objetivos secundários, reduzindo os níveis de amiloide no cérebro – uma proteína que é uma das marcas registradas do Alzheimer – e produzindo efeitos positivos na cognição e na capacidade de desempenho diário de tarefas quando comparado com um placebo.
O estudo envolveu cerca de 1.800 pacientes com Alzheimer em estágio inicial. Cerca de 21% dos pacientes tratados com lecanemab apresentaram edema cerebral ou sangramento cerebral visível em exames de imagem, um efeito colateral associado a medicamentos desse tipo. Menos de 3% desses pacientes tiveram casos sintomáticos, disseram as empresas.
O estudo, chamado Clarity-AD, foi o maior realizado até o momento para testar a teoria há muito debatida de que a eliminação de placas cerebrais tóxicas, chamadas amilóides, pode diminuir o ritmo da doença de Alzheimer, diminuindo o ritmo da perda de memória ou retardando o início da demência.
A Food and Drug Administration (FDA, órgão semelhante à Anvisa no Brasil) já está considerando a aprovação condicional do lecanemab, prometendo tomar uma decisão até 6 de janeiro com base em evidências preliminares de um estudo menor que mostra o efeito da droga sobre a amiloide no cérebro dos pacientes. A Eisai agora planeja adicionar os resultados mais definitivos do estudo Clarity-AD à sua inscrição, com o objetivo de obter aprovação total no meados de 2023.
O estudo usou uma métrica chamada “soma de caixas de classificação clínica de demência”, ou CDR-SB, que mede seis domínios cognitivos, incluindo memória, resolução de problemas e cuidados pessoais, e produz pontuações que variam de 0 a 18, com números mais altos indicando demência mais grave.
No teste de 18 meses, os pacientes que receberam lecanemab tiveram um desempenho 0,45 pontos melhor no teste do que aqueles que receberam placebo, um resultado que atingiu o limiar de significância estatística, o que significa que é improvável que seja resultado de um acaso aleatório. O Lecanemab foi administrado por infusão intravenosa duas vezes por mês.
A Associação de Alzheimer dos EUA expressou esperança sobre os resultados do estudo clínico: “Para pessoas nos estágios iniciais da doença de Alzheimer, este tratamento tem o potencial de mudar o curso da doença de forma clinicamente significativa”, disse a associação em comunicado.
“Esses resultados indicam que o lecanamab pode dar às pessoas mais tempo de habilidades plenas para viver diariamente, permanecer independentes e tomar decisões futuras de saúde. Os tratamentos que oferecem esses benefícios para aqueles com comprometimento cognitivo leve devido à doença de Alzheimer e à demência precoce da doença de Alzheimer são tão valiosos quanto os tratamentos que prolongam a vida das pessoas com outras doenças terminais”.