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Mundo Ameaça nuclear de Putin leva à corrida por iodo na Europa Central

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Substância foi recomentada por autoridades japonesas em 2021 após desastre nuclear de Fukushima. (Foto: Reprodução)

Os ataques russos à Ucrânia e os comentários de Vladimir Putin de que a dissuasão nuclear de Moscou está em alerta máximo desencadearam uma onda de ansiedade na Europa Central, o que motivou pessoas a comprarem iodo, acreditando que o medicamento é capaz poder protegê-las de uma eventual radiação. Representantes de farmácias relataram um aumento na venda da substância nos últimos dias.

O iodo, tomado em comprimidos ou xarope, é considerado uma forma de proteger o corpo contra doenças como câncer de tireoide em caso de exposição radioativa. Em 2011, as autoridades japonesas recomendaram que as pessoas ao redor do local da usina nuclear danificada de Fukushima tomassem iodo.

“Nos últimos seis dias, as farmácias búlgaras venderam tanto [iodo] quanto venderam por um ano”, disse Nikolay Kostov, presidente do Sindicato das Farmácias. “Algumas farmácias já estão esgotadas. Encomendamos novas quantidades, mas temo que não durem muito tempo.”

Autoridades da região reconheceram a demanda, mas alertaram que o iodo não é necessário na situação atual e não ajudaria em caso de guerra nuclear.

Notícias de que as forças russas ganharam o controle da usina nuclear de Chernobyl, onde um acidente em 1986 contaminou uma enorme faixa da Ucrânia e enviou uma nuvem radioativa por toda a Europa, enervou as pessoas em uma região onde muitos se lembram de ter recebido iodo após o desastre.

Os níveis de radiação em Chernobyl aumentaram, mas ainda são baixos o suficiente para não representar um perigo para o público, apesar do movimento de veículos militares russos no local, disse a agência nuclear da ONU, AIEA.

Bombardeio

Um centro de pesquisa nuclear que produz radioisótopos para aplicações médicas e industriais na Ucrânia sofreu bombardeios nesta segunda-feira (7), informou a AIEA. O incidente não causou nenhum aumento nos níveis de radiação no local, segundo a Ucrânia.

“Já tivemos vários episódios comprometendo a segurança nas instalações nucleares da Ucrânia”, disse o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi. Dos 15 reatores ucranianos, oito ainda estão em funcionamento no país, incluindo dois em Zaporizhzhia.

O bombardeiro desta segunda não é primeiro. Em 27 de fevereiro, a Ucrânia disse que mísseis atingiram uma instalação de descarte de resíduos radioativos na capital Kiev, embora não tenha ocorrido liberação radioativa. O episódio aconteceu um dia após um transformador elétrico em uma instalação de descarte semelhante em Kharkiv foi danificado. Em 4 de março, a Ucrânia informou que a Usina Nuclear de Zaporizhzhya (NPP) foi atingida por um projétil, que provocou um pequeno incêndio.

“Devemos agir para ajudar a evitar um acidente nuclear na Ucrânia que pode ter graves consequências para a saúde pública e o meio ambiente. Não podemos esperar”, disse Grossi, que também se colocou à disposição para ajudar a proteger as instalações nucleares da Ucrânia. “Estou disposto a viajar para Chernobyl, mas pode ser em qualquer lugar, desde que facilite essa ação necessária e urgente”, disse ele em uma reunião do Conselho da AIEA.

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