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Ameaçado, PT cobra o cumprimento de acordo por vaga no Tribunal de Contas da União

A disputa por uma cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU) deve ganhar novos elementos. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A disputa por uma cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU) deve ganhar novos elementos. Nos últimos dias, o deputado Elmar Nascimento (União-BA) passou a indicar a intenção de entrar no páreo pela vaga na Corte que deve ser aberta em 2026.

A iniciativa, se prosperar, tem potencial de embaralhar uma costura feita durante as negociações para o novo comando da Câmara dos Deputados. Na ocasião, o cargo no TCU foi abertamente discutido e usado para cooptar o apoio de partidos à eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB).

Com o PL de Jair Bolsonaro já embarcado na candidatura, de olho num acordo pela anistia aos vândalos do 8 de janeiro, o PT de Lula decidiu também aderir à campanha após pedir – e ganhar – como contrapartida a garantia de indicar um nome da legenda para o tribunal. Tudo parecia amarrado, o partido do presidente Lula celebrou a oportunidade de ter pela primeira vez um representante na Corte e montou uma lista de opções para o posto de futuro ministro.

As negociações para o TCU foram feitas diretamente entre o ex-presidente Arthur Lira (PP-AL) e o então líder do PT, Odair Cunha (MG), no ano passado. O nome do próprio deputado mineiro é colocado como o principal a ser indicado para ministro da Corte – advogado, Cunha é um homem de confiança do partido. Além dele, petistas como Gleisi Hoffmann (PR) e José Guimarães (CE) foram citados como eventuais candidatos.

Elmar Nascimento, porém, tenta angariar apoio para superar o nome petista. A iniciativa, ao menos por enquanto, é vista com ressalvas e tratada como difícil de prosperar principalmente por causa do acordo firmado anteriormente, do qual participaram tanto Lira quanto Motta. Questionado, Odair Cunha preferiu não comentar e disse que a eleição do TCU ainda não está em pauta.

No reservado, petistas que acompanharam as tratativas dizem que não há óbices para a apresentação de candidaturas, mas ressaltam esperar que o acordo com Hugo Motta seja cumprido e que, caso contrário, ele estaria rompendo a sua palavra com a legenda – um dos mais graves comportamentos, disseram, dentro da política.

A guinada de Elmar Nascimento Antes um dos principais nomes cotados a assumir o comando da Câmara neste ano, o parlamentar baiano acabou desistindo da campanha ao acabar preterido na disputa – ele chegou a ter sinalizações de apoio de oito partidos. À época, também foi ventilado que o gesto do deputado poderia ser compensado com uma cadeira no TCU, hipótese que ele negava com veemência.

De lá para cá, porém, a vida política de Nascimento sofreu uma reviravolta após um primo dele ser alvo da Operação Overclean, investigação da Polícia Federal que apura um esquema de corrupção por meio das emendas parlamentares. Na batida policial foram encontradas citações ao deputado, o que fez o caso subir para o Supremo Tribunal Federal.

Em conversas recentes, Elmar afirmou ser alvo de perseguições, se disse desgastado com a política e revelou o interesse de dar um fim à carreira parlamentar, trocando-a pela Corte de contas. Uma dificuldade para esta guinada seria justamente a batalha jurídica a qual terá de enfrentar nos próximos meses ou até anos.

Por outro lado, Elmar jura inocência e conta a seu favor o apoio de deputados bolsonaristas e de centro que teriam resistência a endossar uma candidatura petista para o TCU. As informações são da revista Veja.

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