Sexta-feira, 18 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 13 de março de 2024
A espiral de conflitos no União Brasil ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira. Os incêndios em duas casas no litoral de Pernambuco são o ponto mais alto até aqui da tensão que envolve a atribulada relação entre integrantes do partido. Desde sua criação, em 2021, a sigla acumula histórias de amizades desfeitas, acusações e brigas que foram parar na Justiça.
Fruto da fusão entre DEM e PSL, a disputa que esquentou os bastidores políticos nos últimos dias foi motivada pela guerra interna que desde sua criação envolve essas duas alas. De um lado está Antonio Rueda, advogado que foi eleito na semana passada como futuro presidente da sigla. Do outro, o deputado Luciano Bivar, fundador do PSL e presidente do União em fim de mandato — ele deixará o cargo em maio.
Antes de trocar acusações, Bivar e Rueda eram amigos e já dividiram até a direção de time de futebol, o Sport Recife, de Pernambuco. Bivar também foi responsável por levar Rueda ao mercado de seguros, área em que ambos atuam na vida privada, e para a política.
Mas a onda de insatisfação em pelo menos seis estados contra a condução do partido feita por Bivar animou Rueda, então vice, a articular assumir o controle da sigla. Em abril, quando parlamentares do Rio fizeram um pedido de desfiliação da sigla ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os insatisfeitos colocaram no papel o que teria sido um marco da gestão de Bivar.
Ameaças e xingamentos
O momento determinante para o afastamento dos dois foi uma reunião do partido, em agosto de 2023, em que Bivar xingou o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, aos gritos. O herdeiro do “carlismo” na Bahia era presidente do DEM antes da fusão com o PSL e um dos principais nomes da ala do União contrária à aproximação do partido ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Rueda conseguiu amplo apoio para substituir Bivar no comando do partido, o que serviu de estopim para que o ex-aliado se voltasse contra ele.
No dia da eleição para a presidência do União Brasil, no último dia 29, Bivar convocou a imprensa com um envelope escrito “denúncias”. O conteúdo, contudo, não foi apresentado e ficou em segredo.
Após o resultado da eleição confirmar a vitória de Rueda, Bivar não aceitou. Entre as tentativas de retaliação, trancou a sala de reuniões do partido para tentar impedir que os novos dirigentes eleitos usassem o espaço.
Além disso, Rueda registrou na polícia uma representação contra o ex-aliado o acusando de ter feito ameaças à sua família por telefone um dia antes da eleição. Bivar nega.
As ameaças são o pano de fundo para as suspeitas de aliados de Rueda de que os incêndios podem ter sido criminosos. Uma das casas que pegou fogo pertence a Rueda e a outra a sua irmã, a tesoureira do partido, Maria Emília Rueda. Elas ficam no litoral sul de Pernambuco, em um condomínio na praia de Toquinho.
Rueda afirmou considerar que o incêndio foi criminoso. Apesar de não acusar diretamente Bivar, as declarações de aliados sugerem que o responsável pelo crime pode ter sido o cacique do União, com quem tem trocado acusações nos últimos dias. O deputado, que também possui imóvel na praia de Toquinho, disse que as acusações são “ilações”.