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Por Redação O Sul | 1 de novembro de 2022
Uma americana que comandou um batalhão feminino do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) foi condenada nesta terça-feira (1º) a 20 anos de prisão por um tribunal em Alexandria, um subúrbio de Washington, nos EUA. Allison Fluke-Ekren, de 42 anos, declarou-se culpada em junho de “apoio material a um empreendimento terrorista” e admitiu, entre outras coisas, ter dado treinamento militar a mais de 100 mulheres na Síria.
“Durante pelo menos oito anos, Fluke-Ekren cometeu atos terroristas em nomes de três organizações estrangeiras em zonas de guerra na Líbia, Iraque e Síria”, disse o promotor Raj Parekh em um memorando divulgado antes da sentença. “Fluke-Ekren fez lavagem cerebral em meninas e as treinou para matar”, acrescentou. “Ela abriu um caminho de terror, mergulhando seus próprios filhos em insondáveis profundezas de crueldade ao abusar deles física, psicológica, emocional e sexualmente.”
Parekh, que pediu uma pena de 20 anos de prisão, traçou a jornada de Fluke-Ekren desde sua criação em uma fazenda no Kansas até sua prisão na Síria, após a derrota territorial do EI em 2019.
Nascida Allison Brooks, cresceu em um “lar amoroso e estável” na cidade de Overbrook. Abandonou o Ensino Médio no segundo ano e se casou com um homem chamado Fluke, com quem teve dois filhos. De forma anônima, um deles denunciou os anos de abuso a que ele e seus irmãos foram submetidos.
“Minha mãe é um monstro sem amor por seus filhos, sem desculpa para os atos que cometeu”, disse o homem. “Ela tem em suas mãos o sangue, a dor e o sofrimento de todos os seus filhos.”
Após deixar seu primeiro marido, Fluke-Ekren frequentou a Universidade do Kansas, onde se casou com um colega chamado Volkan Ekren e se converteu ao islamismo. Tiveram cinco filhos e adotaram outro depois que os pais do menino foram mortos como homens-bomba na Síria.
“Extremismo e violência”
Em 2011, a família se mudou para a Líbia onde, segundo o promotor Parekh, “começou a obstinada busca de Fluke-Ekren para ganhar posições de poder e influência para treinar mulheres jovens em ideologia extremista e violência”.
Eles estavam em Benghazi em setembro de 2012, quando o grupo islâmico Ansar al-Sharia atacou o consulado americano e o escritório da agência de Inteligência CIA, matando o embaixador e outros três americanos.
Depois que seu marido, líder de uma unidade de atiradores do Estado Islâmico, foi morto em 2015, ela forçou sua filha de 13 anos a se casar com um combatente do grupo, ainda segundo o promotor americano.
Fluke-Ekren, que adotou o nome de guerra Umm Mohamed al-Amriki depois de ingressar no EI, casou-se mais três vezes e teve outros quatro filhos.
Em 2017, ela se tornou líder de um batalhão feminino chamado Khatiba Nusaybah, que forneceu treinamento militar a mais de 100 meninas e mulheres, relatou Parekh.
“Durante as sessões de treinamento, Fluke-Ekren instruiu mulheres e meninas sobre o uso de fuzis de assalto AK-47, granadas e cintos explosivos suicidas”, disse Parekh. “Uma dessas meninas, algumas que tinham apenas 10 ou 11 anos, era sua própria filha.”