A Americanas divulgou nesta quinta-feira (16) o seu balanço financeiro de 2022. O prejuízo acumulado no ano passado foi de R$ 12,9 bilhões. A companhia justificou que os números negativos resultam de um fraco desempenho operacional e de elevadas despesas financeiras.
A empresa também terminou o período com um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões, além de um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo de R$ 6,2 bilhões, segundo as demonstrações financeiras auditadas e enviadas à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Por sua vez, a receita líquida consolidada atingiu a marca de R$ 25,8 bilhões. Vale destacar que, desde janeiro, as ações da companhia caíram 91,14%.
Esses são os primeiros números financeiros anuais divulgados pela empresa desde que a Americanas entregou o seu plano de recuperação judicial, em março, à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
A Americanas acredita que até dezembro de 2025 o patrimônio líquido da empresa ficará no campo positivo e a dívida financeira bruta será por volta de R$ 1,5 bilhão.
A empresa também espera que haja um crescimento nas vendas e rentabilidade de clientes pela Ame (empresa que funciona como uma carteira digital para pagamentos na Americanas e outras varejistas). Porém, a companhia destaca que as expectativas dependem, substancialmente, de fatores alheios à vontade da Americanas, “tais como condições de mercado, desempenho da economia brasileira, do setor e dos mercados internacionais”.
Recuperação judicial
A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial em janeiro deste ano, na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Na época, as dívidas da empresa somavam R$ 43 bilhões, entre aproximadamente 16,3 mil credores.
“Será uma recuperação judicial bem complexa. Além das margens, que são extremamente baixas para a companhia, outro ponto de bastante atenção é a qualidade dos credores”, disse a empresa no começo deste ano. A quantia em caixa, segundo a varejista, era de R$ 800 milhões.
O plano da empresa foi apresentado no limite do prazo estabelecido pela Justiça e inclui aporte de R$ 10 bilhões, além de vendas de ativos, leilão reverso e conversão de dívidas em ações. Entre os bens a serem vendidos, estão uma aeronave avaliada em mais de R$ 40 milhões e uma rede de hortifruti. O aporte bilionário será feito pelo trio de acionistas de referência da empresa: Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.
O plano aprovado pelo Conselho de Administração da companhia estabelece medidas para que a Americanas supere os problemas financeiros e continue suas atividades.
2021
A varejista também revisou o lucro líquido de R$ 544 milhões registrado em 2021 para um prejuízo de 6,237 bilhões. A receita líquida somou R$ 22,521 bilhões no período.