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Amigo de Temer diz que recebeu R$ 1 milhão a pedido de Padilha

Em dezembro de 2016, Yunes (E) pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência da República. (Foto: Reprodução)

O empresário José Yunes está decidido a esclarecer um episódio em que se envolveu em 2014, e que veio à tona na delação premiada de Claudio Melo Filho, um dos ex-executivos da Odebrecht que fez delação premiada: o de que ele teria recebido R$ 1 milhão em dinheiro vivo em seu escritório, em São Paulo.

Yunes, que é um dos melhores amigos do presidente Michel Temer e foi seu assessor especial até o ano passado, diz a vários interlocutores que foi um mero “mula” e que nunca teve nada a ver nem com a origem nem com o destino dos recursos.

Em depoimentos de delação, cujo teor foi revelado em dezembro passado, Cláudio Melo Filho disse ter participado de um jantar no Palácio do Jaburu com Marcelo Odebrecht, Temer e o hoje chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Na ocasião, contou Melo Filho, Temer pediu apoio financeiro para o PMDB na campanha eleitoral de 2014. O empreiteiro afirmou, ainda segundo a delação, que pagaria R$ 10 milhões, sendo que R$ 4 milhões ficariam sob responsabilidade de Padilha. Melo Filho diz que um dos pagamentos foi feito na sede do escritório de advocacia de Yunes, no Jardim Europa, em São Paulo.

Agora, Yunes conta que, naquele ano, em meio à campanha eleitoral, recebeu um telefonema de Padilha, afirmando que precisaria de um favor.

O hoje ministro queria que Yunes recebesse em seu escritório alguns “documentos”, que depois seriam retirados de lá por um emissário. Os “papéis” seriam destinados a campanhas ligadas ao grupo do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

O empresário concordou.

Na hora combinada, para a sua surpresa, Lucio Funaro, tido como operador de Eduardo Cunha, apareceu no escritório, que fica na região da avenida Faria Lima, para tratar dos recursos.

Ele conta que mal conversou com Funaro e que acredita na possibilidade de ter havido um acerto de contas interno de Padilha com Cunha em torno dos recursos.

O episódio tem incomodado Yunes, que deixou a assessoria especial de Temer depois que o caso foi divulgado, ainda em 2016.

Ao pedir demissão, ele disse em carta que seu nome tinha sido jogado “no lamaçal de uma abjeta delação” premiada e criticou a “fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie”.

Na ocasião, também citou a amizade de “décadas” com Temer.

Em dezembro, o Planalto disse que as doações da Odebrecht ao PMDB foram declaradas à Justiça Eleitoral. “Não houve caixa dois, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente.”

Procurado por meio de sua assessoria, Padilha não respondeu.

Cunha

O episódio já havia sido mencionado também por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso. Ao chamar Temer como testemunha de defesa em ação da Lava-Jato, Cunha perguntou, em documento: “O sr. José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB?”.

O ex-deputado questionou ainda se essas contribuições foram realizadas de “de forma oficial ou não declarada”. O juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, indeferiu os questionamentos.

As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

(Folhapress)

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