Domingo, 24 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de maio de 2015
“Uma longa jornada” evidencia algumas simplificações, tanto no que se refere ao desenho dos personagens quanto a determinadas opções que atravessam a história ambientada na Carolina do Norte. O espectador acompanha o entrelaçamento das trajetórias de dois casais que existem em tempos distintos (Luke e Sophia, Ira e Ruth). Nessa estrutura, semelhanças e oposições ganham destaque, sem espaço para sutilezas.
Luke e Sophia são mocinhos de cartão-postal. Ambos se conhecem e sentem a tal sintonia à primeira vista. O problema, porém, não demora a se impor. Enquanto ele é um rapaz do mundo dos rodeios, ela conta os dias para abraçar importante oportunidade de trabalho em Nova York. Na volta de um passeio, Luke e Sophia se deparam com um acidente na estrada e resgatam o idoso Ira, que revela uma intensa história de amor, ocorrida no passado, com Ruth. Um elo que vem à tona através das cartas encontradas por Sophia no carro de Ira.
Daí em diante, o diretor George Tillman Jr. realça pontos de aproximação e afastamento entre os personagens (não só entre os que vivem na mesma época). Os homens realizam atos heroicos — Luke ao salvar Ira e este ao se arriscar no campo de batalha. As mulheres amam a arte. Já as diferentes expectativas em relação ao futuro abalam os matrimônios. E as circunstâncias do meio externo ameaçam separar os casais — além da possível partida de Sophia para Nova York, a via-crúcis de Ira no front durante a guerra.
O roteiro de Craig Bolotin (escorado no livro de Nicholas Sparks) é previsível. Não se trata da única fragilidade detectada no decorrer da projeção. Afinal, as escolhas artísticas não primam pelo refinamento. Para sinalizar o plano do passado, por exemplo, o cineasta se vale, ainda que num breve instante, de um recurso óbvio como o da imagem em preto e branco. É como se avisasse à plateia sobre a inclusão de outra esfera temporal para logo em seguida retomar as cores (fotografia de David Tattersall). A trilha sonora (de Mark Isham) soa sentimental.
Os atores principais — Scott Eastwood (como Luke), filho do renomado Clint Eastwood, e Britt Robertson (Sophia) — não imprimem presenças muito expressivas, mas cabe dizer que os personagens não oferecem maiores voos interpretativos.
Resta assistir a Alan Alda (Ira), competente em papel pouco desafiador. “Uma Longa Jornada” bate na tela como entretenimento convencional que tende a ser rapidamente esquecido. Há, com certeza, filmes melhores em cartaz. (Daniel Schenker/AG)
Confira o trailer: