Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de fevereiro de 2025
O avião de pequeno porte que caiu na manhã desta sexta-feira (7) em uma avenida na Barra Funda, em São Paulo, teve três inconformidades apontadas em sua vistoria de informação documental realizada no momento de importação para o Brasil, segundo documento assinado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
As inconformidades apontadas na vistoria são em relação ao computador de dados aéreos, ao para-brisas e ao sistema de degelo. Isso não implica, segundo a Anac, que a aeronave não pudesse operar normalmente. A causa da queda ainda está sendo investigada pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que agora vai analisar esse conflito de informações.
O avião foi importado dos Estados Unidos em 24 de novembro do ano passado. A vistoria é um procedimento de segurança que garante que a aeronave está de acordo com seu projeto original.
Segundo a Anac, o comunicado que apontou as inconformidades foi enviado no dia 6 de fevereiro —ou seja, um dia antes da queda do avião— ao Profissional Credenciado em Aeronavegabilidade (PCA), responsável por atestar a conformidade do equipamento no momento de sua importação.
O comunicado exige do responsável uma resposta em até cinco dias sobre as três inconformidades apontadas. A agência ressaltou, no entanto, que a aeronave entrou no Brasil com Certificado de Aeronavegabilidade válido —ou seja, ela estava apta para operar no país, sem restrições.
A Anac também destacou que o documento diz respeito “ao processo de informação documental (prestação de contas) da vistoria realizada pelo Profissional Credenciado à Anac”.
Segundo Fernando Catalano, professor da engenharia aeronáutica da USP de São Carlos, as não conformidades indicam a “necessidade de ajustes ou verificações nos registros e sistemas” para garantir que todas as informações estejam corretas e de acordo com os padrões e regulamentos aplicáveis. “Não significa que haja algum defeito”, ressalta.
De acordo com Catalano, as providências a serem tomadas em caso de descumprimento do prazo são variadas, podendo ir do impedimento da aeronave de voar a uma multa.
As três inconformidades encontradas pela Anac são:
Em relação às inconsistências apontadas na vistoria, o engenheiro diz acreditar que “não são coisas importantes, substantivas”. “Se assim fosse, esse avião não teria recebido autorização de voo de fato. Aparentemente não tinha nada que pudesse comprometer a operação do avião”, afirma o engenheiro aeronáutico Jorge Leal.
Segundo Leal, professor da Escola Politécnica da USP, a posição verificada das hélices do motor direito após o acidente (foto acima) pode indicar falha no motor. “Ele aparece com a hélice embandeirada, que é um procedimento que você usa quando você perde o motor e você deixa a hélice alinhada com o vento. Ela vira uma pá, gira e dá tração ao avião.”
Leal explica que, quando um motor deixa de funcionar, se a hélice ficar virada como uma pá para a frente (como a de um ventilador), vai gerar um arrasto muito grande com a força feita pelo outro motor. Com o embandeiramento, a hélice fica de lado, permitindo maior passagem do vento e que o avião consiga ter mais estabilidade.
O acidente
O avião caiu na Avenida Marquês de São Vicente, na altura do número 1.874, Barra Funda, São Paulo, nesta sexta-feira. Segundo o Corpo de Bombeiros, foram encontrados os dois corpos carbonizados dentro da aeronave.
O avião, que partiu pouco depois das 7h do aeroporto Campo de Marte, despencou logo depois da decolagem. Duas vítimas fatais resultaram do acidente: Márcio Louzada Carpena e Gustavo Medeiros, que pilotava a aeronave.
Outras sete pessoas ficaram feridas e receberam atenção policial, sendo que mais três foram encaminhadas a atendimento médico por conta própria, de acordo com apuração do SP2.
O modelo do avião é um King Air F90, fabricado em 1981, com capacidade para oito pessoas. Segundo testemunhas, o avião tentou fazer um pouso de emergência na pista da avenida, mas falhou.
A polícia vai investigar as causas e eventuais responsabilidades pela queda da aeronave. A Aeronáutica também apurará as circunstâncias que podem ter provocado o acidente.
O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se manifestou sobre o ocorrido durante um evento a que compareceu em Ribeirão Preto para entregar moradias populares. As informações são do portal G1.