A ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi demitida na última terça-feira (25) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após uma série de erros que tornaram sua permanência à frente da pasta insustentável. Ao longo de sua gestão, Nísia se viu envolvida em polêmicas que começaram com a bancada evangélica e se estenderam até a crise da falta de vacinas. Além disso, o avanço da dengue no Brasil e sua inabilidade política, que gerou inúmeras queixas de deputados e senadores, contribuíram para a deterioração de sua imagem e a crescente insatisfação com sua atuação.
Cada erro cometido por Nísia dificultava ainda mais sua permanência no cargo. A crise começou com um episódio envolvendo a exibição de uma dança erótica em um evento da pasta, o que gerou grande polêmica e resistência, principalmente por parte de grupos conservadores. Em seguida, veio a “portaria do aborto”, uma medida que estabeleceu a não imposição de limites temporais para os casos já previstos em lei. O ministério foi obrigado a recuar devido à pressão tanto de setores da sociedade quanto de políticos que se opuseram à decisão.
Outro erro significativo foi a falta de vacinas em pelo menos 11 Estados e no Distrito Federal no final do ano, o que agravou a crise na saúde pública, principalmente em um contexto de emergência sanitária. Esse episódio prejudicou a confiança da população nas ações da ministra e no governo, que já enfrentava críticas pela gestão da saúde. A situação piorou ainda mais com o aumento dos casos de dengue no País, que gerou uma crise de saúde pública e expôs a falta de planejamento e preparação do Ministério da Saúde.
Além disso, Nísia enfrentou sérios problemas na relação com o Congresso Nacional, especialmente com deputados e senadores, que se queixaram da falta de diálogo e do tratamento recebido pela ministra. A falta de um canal eficiente de comunicação com os parlamentares dificultou a liberação de emendas e gerou uma série de atritos políticos, prejudicando ainda mais sua permanência no cargo.
Embora Lula tenha resistido às pressões do Centrão, que sempre teve interesse em comandar o Ministério da Saúde, a situação chegou a um ponto insustentável. O presidente, inclusive, recorreu ao marqueteiro Sidônio Palmeira, atual ministro da Secom, para tentar melhorar a imagem de Nísia e da pasta. No entanto, os esforços foram em vão. Com a avaliação do governo piorando, a decisão de demitir Nísia passou a ser vista como uma tentativa de dar novo fôlego ao governo e melhorar a imagem de pautas populares, como a Saúde, conforme observado no pronunciamento de Lula nesta semana. (Estadão Conteúdo)