Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de fevereiro de 2025
Ao todo, 1.430 pessoas foram presas em 2024 suspeitas de participação nos atos.
Foto: ReproduçãoO ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que a anistia dos presos nos atos do 8 de Janeiro de 2023 é humanitária e não política. A declaração foi realizada após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), questionar a interpretação de que o episódio de 2023 tenha sido uma tentativa de golpe de Estado.
“Que Deus continue iluminando o nosso presidente Hugo Motta, bem como pais e mães voltem a abraçar seus filhos brevemente. Essa anistia não é política, é humanitária”, destacou Bolsonaro em mensagem enviada no WhatsApp.
Na última sexta-feira (7), o presidente da Câmara dos Deputados disse que o 8 de Janeiro não passou de uma ação provocada por “vândalos e baderneiros”, que queriam demonstrar revolta. Na avaliação do deputado, um golpe de Estado precisa ser coordenado por um líder para ser classificado dessa forma.
“O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições. Foi uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Agora querer dizer que foi um golpe? Um golpe tem que ter um líder, tem que ter uma pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas e não teve isso”, afirmou em entrevista à rádio Arapuan FM.
O projeto de lei (PL) da Anistia está parado na Câmara dos Deputados. Ao ser questionado sobre a possibilidade de pautar o PL, Hugo Motta ressaltou que não há uma decisão tomada. O presidente da Casa disse que conversou com Bolsonaro sobre o tema e afirmou que o principal pedido do ex-mandatário é que a matéria seja apreciada pelos deputados. Durante a entrevista, Hugo reconheceu que a pauta divide opiniões na Câmara dos Deputados.
“Essa pauta divide a Casa e gera tensionamento com o Executivo e com o Judiciário, por isso nosso cuidado para falar sobre o tema. Eu não posso dizer que vou pautar semana que vem ou que não vou pautar, será um tema que vamos analisar porque o diálogo tem que ser constante”, avaliou Hugo.
O parlamentar disse também que há “um certo desequilíbrio” nas condenações dos envolvidos, mas defendeu a necessidade de penalizar as pessoas que causaram danos ao patrimônio público.
“Você não pode penalizar uma senhora que passou na frente do palácio, não jogou uma pedra, receber 17 anos de pena em regime fechado. Há um certo desequilíbrio nisso”, completou Hugo.
“Temos que punir as pessoas que quebraram, essas pessoas precisam e devem ser punidas para que isso não ocorra novamente, mas entendo também que não dá para exagerar no sentido das penalidades com quem não cometeu atos de tanta gravidade”, concluiu.
Presos
Os ataques de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, em Brasília, levaram à prisão ao menos 1.430 pessoas no último ano, de acordo com informações do Supremo Tribunal Federal (STF). No domingo, dia dos atos, 243 pessoas foram presas dentro dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF e na Praça dos Três Poderes. Desse total, 161 eram homens e 82, mulheres.
No dia seguinte, na segunda-feira (9), mais 1.927 pessoas que estavam no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, na capital federal, foram conduzidas à Academia Nacional de Polícia.
Desse total, 775 foram liberadas por serem idosos e mães de crianças menores, restando 1.152 pessoas na prisão. Depois de passarem por audiências de custódia, 938 permaneceram presas. Operações deflagradas por determinação do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso, levaram 35 pessoas à prisão ao longo do ano.
Balanço da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, no entanto, mostra que até o dia 21 de novembro, foram cumpridos 88 mandados de prisão. Além disso, em agosto, sete militares foram presos no âmbito da Operação Incúria, da PGR em parceria com a PF.
Apesar da falta de detalhamento a respeito das prisões realizadas, a reportagem se baseou nas informações repassadas pelo STF, responsável por determinar o cumprimento delas. As prisões dos sete militares foram acrescidas aos números do tribunal. As informações são do portal de notícias CNN Brasil.