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Por Redação O Sul | 28 de abril de 2018
Com a carreira no Brasil consolidada e a internacional despontando, a cantora Anitta falou sobre igualdade de gêneros, parcerias e disse que, embora tenha seus momentos de diva, não quer ser vista como “intocável”, em sua casa na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
De Honório Gurgel, na periferia do Rio, aos palcos do mundo, Anitta fez uma carreira meteórica. Aos 25 anos e em menos de uma década, passou de cantora de funk a um dos principais nomes do pop brasileiro, agora focada no mercado internacional.
A chave do sucesso não está apenas na espontaneidade de suas postagens, que atraem 28 milhões de seguidores no Instagram, mas também em seu profissionalismo, que não deixa espaço para improvisos. Cada passo da carreira é calculado e suas respostas em entrevistas parecem ser elaboradas para não interferir em sua estratégia de marketing.
“Uma artista tem que saber quem é, ser coesa na construção da carreira, ter um discurso com que as pessoas se identifiquem e sustente o que se propõe a fazer”, resume a cantora.
Nascida em 30 de março de 1993, Larissa Machado começou a cantar ainda criança na igreja frequentada pela família. Aos 17 anos, ela foi descoberta por um produtor que assistiu a um vídeo seu no YouTube e passou a se apresentar em bailes funk da Furacão 2000.
A fama chegou há cinco anos, com os hits “Meiga e Abusada” e “Show das Poderosas”. Sua carreira evoluiu com ações de marketing como o fenômeno pop “Bang” (2015), que tem 343 milhões de visualizações no YouTube, e o projeto de vídeos mensais CheckMate (2017).
Outro exemplo é o clipe de “Indecente”, gravado em sua festa de aniversário neste ano e transmitido ao vivo pelo YouTube. O sucesso, diz Anitta, está em “fazer diferente”. “Pesquiso mercado, mais para fazer diferente do que para seguir tendências. Busco aquilo que ainda não foi explorado”, afirma.
Suas músicas falam muito da mulher, do empoderamento feminino. Você se considera feminista? Você levanta essa bandeira?
Anitta – Levanto a bandeira dos direitos iguais, só acho que hoje em dia tem mudado um pouco essa questão: as pessoas estão achando que é colocar a mulher acima do homem e não é. Para mim são os direitos iguais mesmo. Só não gosto de ser confundida com essa parte que, para levantar a mulher, coloca o homem para baixo. Não sou desse tipo, sou do tipo que todo mundo tem que estar lá em cima e está tudo certo.
Com a exposição constante nas redes sociais, você se sente cobrada de ter que ter sempre uma opinião sobre tudo – seja feminismo, política, racismo?
Com certeza, sempre é cobrada uma opinião e, quando você dá a opinião, aqueles que não concordam vão te julgar. Quando possível, e quando acho que não vai atrapalhar, dou minha opinião. Só não me aprofundo porque acho que cada um vem com a sua missão, e a minha é passar entretenimento, alegria, mensagens boas e dar um bom exemplo.
O que você acha que alavancou o seu sucesso?
Eu fiz diferente, foi novidade. O fato de buscar fazer completamente diferente, ao mesmo tempo em que é arriscado, se der certo, vai dar muito certo. Sempre jogo num super risco, de novidade, de conteúdo. Desde uma batida, ao “look”, ao discurso, tudo eu tento fazer o mais diferente possível.
Quais são suas divas?
A Beyoncé é uma grande diva, a Rihanna. A Mariah Carey, para mim, é a primeira de todas, porque foi a que eu cresci ouvindo. E aqui do Brasil, a Marisa Monte. (Para ser uma diva) acho que uma artista tem que saber quem ela é, ser coesa na construção da carreira, ter um discurso com que as pessoas se identifiquem.
Mas você se considera uma diva pop?
Não sei, isso de diva tem muito de endeusamento. Sou mais pé no chão, gente da gente. Até tenho meus momentos de diva, mas não quero ser vista como intocável. Pelo contrário, quero ser vista como alguém que é possível chegar perto, que é possível ser e parecer.
Como chegou às parcerias internacionais?
Indo para a balada conhecer gente, fazendo reuniões. Procurando contatos, redes sociais, e fui metendo as caras mesmo. Meu sonho é fazer uma parceria com o Drake. Ainda não o conheço, tenho alguns amigos em comum, mas sou cara de pau. Não sou inconveniente, não fico ‘pedinte’. Tenho bom senso. Então vamos esperar o destino.
Quando você percebeu que a América Latina podia ser um nicho?
Comecei a entender que, embora o inglês seja a língua universal, o espanhol tem números muito grandes, equivalentes aos de consumo da língua inglesa. Quando percebi que o espanhol seria a próxima tendência do momento, comecei a arquitetar como conseguiria fazer essa moda voltar ao Brasil. Acho que fiz parte (desse retorno), mas não tem só a ver comigo. Analisei e visionei algo que aconteceria, só me antecipei, tentei puxar essa corrente logo.
Como surgiu a ideia do CheckMate, de um clipe por mês? Qual foi o objetivo com esse projeto?
O meu objetivo era ter conteúdos materiais em outras línguas disponíveis na rede. Pensei em uma maneira que fosse prática, rápida e que não fosse uma coisa que eu ia fazer e ninguém ia ver. O Brasil consome muito single e, para eu conseguir um pouco de visibilidade lá fora, teria que usar os meus números daqui. Então pensei nos clipes mensais, criando expectativa.
A primeira (música, “Will I See You”) era uma proposta completamente nova, mas mostrando minha potência vocal. A segunda (“Is That For Me”) era mais comercial. A terceira (“Downtown”), um pouco mais ousada e em espanhol. E a última (“Vai Malandra”), o Brasil que eu estava acostumada a fazer.
Onde e como você se vê daqui a dez anos?
Me vejo desacelerada, não mais com esse ritmo de trabalho, tendo concluído todos meus sonhos e dando foco a coisas mais do coração, fazendo só as coisas que me deem muito prazer e que eu ame muito, projetos que eu acredito de coração. (Folhapress)