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Ali Klemt Anjos da guerra

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Se você vive no Planeta Terra foi atingido, essa semana, pela dor da guerra. Ainda que a milhares de quilômetros de distância, o imediatismo da internet nos fez ser espectadores, em tempo real, de uma das maiores barbáries que vimos nos últimos tempos…

É triste pensar que, de alguma forma, já estamos habituados a coexistir com conflitos por aí – e esse mundão de 8 bilhões ainda é repleto de dramas e tragédias, porque o humano ainda é, definitivamente, um ser em construção. Porém, o que vimos nos últimos dias ultrapassa quaisquer limites aceitáveis.

Guerras são sujas por natureza. Nenhuma guerra é limpa, e “danos colaterais” são esperados – e que tristeza transformar vidas perdidas em uma expressão simples como essa. Mas há limites que são intransponíveis.

Relatos de estupro seguem acontecendo por toda parte do globo, embora seja um dos crimes mais cruéis que existam: a tomada da liberdade de outrem da forma mais invasiva possível, através da violação sexual do “templo” que cada um de nós possui, o nosso próprio corpo.

É primitivo e horrível, mas, de uma forma tristemente real, estamos acostumados. É um crime comum nos momentos em que a ordem se degenera e os combatentes, em horda, deixam de ser homens para virarem bichos em uma manada selvagem, como se o rompimento da ordem permitisse o rompimento de quaisquer barreiras morais…

Ainda assim, o mundo vai girando, e a humanidade segue tentando evoluir.

Mas há momentos…há momentos em que essa evolução é posta em cheque. Há momentos em que, sinceramente, eu questiono o que estamos fazendo aqui. E um desses momentos foi a notícia da decapitação de 40 bebês em Israel.

Vamos de novo: um crime doloso, executado de forma consciente e deliberada, que aniquilou, de forma cruel, quatro dezenas de bebês. De-ca-pi-ta-dos. É simplesmente impossível ignorar esse acontecimento, porque é o ápice da falta de humanidade. Nada, NADA pode ser pior do que fazer mal a uma criança, que dirá executar tantas delas de forma tão cruel?

A minha cabeça rodopiou com essa notícia. Você se coloca no lugar da mãe, você pensa no sentimento desse serzinho que só precisa de amor e acabou sendo tão violentado nas mãos desses…monstros. E aí você questiona, profundamente, o ser humano.

Eu quero crer, de verdade, que até mesmo a morte tem uma razão de ser nesse universo plúrimo do qual não temos noção alguma. E tento acreditar, com toda a minha força, que a rápida passagem desses bebês nesse plano tem um porquê – assim como a sua partida trágica. Que tenham tocado corações e, quem sabe, mudado o rumo da história, fazendo com que o mundo, inquestionavelmente, se colocasse contra seres que não são pessoas, porquanto não possuem o mesmo senso ético que a civilização inteira: matar crianças é o cúmulo da desumanidade. É o limite mais baixo, a partir do qual você já não se reconhece como pessoa – e penso que isso tenha nos chocado profundamente, enquanto sociedade.

O mundo regulado pelos nossos critérios éticos está sob ameaça. Ameaça profunda. E se você acredita em nosso senso de civilidade, não basta estar atento: é preciso se posicionar CONTRA o que está acontecendo em Israel. Veementemente contra. E essa é a mensagem final dos bebês-anjo: “não desistam da civilização. Não deixem o terror tomar conta. Sejam fortes, pois nós morremos para provar isso ao mundo”.

Eu sei. Dói. Mas é necessário. Obrigada, bebês-anjo.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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