Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de junho de 2024
Com as mudanças climáticas e o aumento da temperatura média do planeta, eventos extremos vão se tornar mais comuns, como as chuvas intensas que causaram enchentes e alagamentos no Rio Grande do Sul. Em outros lugares, poderão ser registradas secas duradouras ou ondas de calor atípicas. Nesse cenário de incertezas, muitas pessoas têm desenvolvido uma condição conhecida como ansiedade climática (ou eco-ansiedade), que merece a devida atenção. Há maneiras de aliviar essa tensão, como apontam psicólogos.
“As alterações climáticas não são apenas um problema ambiental, mas também psicológico”, destaca Susan Clayton, psicóloga e chefe do departamento de psicologia da Faculdade de Wooster (EUA), em artigo publicado na revista Journal of Anxiety Disorders.
A raiz da ansiedade climática está na forma como as pessoas conseguem gerenciar as suas emoções e os seus sentimentos, o que pode variar de acordo com as circunstâncias. Por exemplo, uma pessoa que vivenciou diretamente um evento extremo pode ter maior dificuldade em lidar com esse medo de ser vítima de novas tragédias.
“A ansiedade climática é uma resposta emocional ao medo e preocupação gerados pelas mudanças climáticas e seus impactos”, define Jacqueline Mazzoni, coordenadora adjunta do curso de psicologia e coordenadora da Clínica-Escola de Psicologia da Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid).
Saiba mais
Oficialmente, a ansiedade climática ainda não é classificada como um transtorno específico pela medicina, mas a psicóloga Mazzoni explica que o quadro “pode evoluir para um transtorno de saúde mental quando seus sintomas se tornam graves e persistentes, interferindo na rotina diária das pessoas”.
Nesses casos, o paciente com ansiedade climática tende a apresentar:
Problemas e dificuldades na hora de dormir, incluindo insônia;
Dificuldade de concentração;
Irritabilidade;
Outros sintomas comuns aos indivíduos com transtornos de ansiedade e depressão, incluindo o estresse pós-traumático (TEPT).
“A sensação de impotência diante do problema, combinada com a percepção de que as ações individuais são insuficientes para resolver a crise climática, pode gerar sentimentos de desesperança e contribuir para o desenvolvimento de transtornos de humor”, explica Mazzoni.
Com a abrangência do problema, é difícil limitar a parcela da população mais afetada pela ansiedade climática. Em um recorte parcial, a condição é mais comum em jovens conectados com as questões ambientais ou com aqueles que foram vítimas de eventos climáticos extremos.
Negativismo
Estar bem informado sobre as mudanças climáticas e entender como o aquecimento de 1,5 ºC deve impactar a vida no planeta são importantes, considerando as atuais tendências. Entretanto, esse fluxo de informação não pode se tornar um fator de paralisia e de que nada mais pode ser feito.
Todas essas informações também não devem servir de validação para a chegada de um hipotético apocalipse e nem para o entendimento de que “caminhamos para o fim do mundo” — isso é definitivamente uma mentira.
Viver sob esse sentimento negativo pode gerar um estado crônico de estresse e ansiedade, o que irá apenas piorar a ansiedade climática.