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Antártica ou Antártida, eis a questão

(Foto: Reprodução)

O Brasil tem uma base no continente gelado. Lá, cientistas verde-amarelos desenvolvem pesquisa há mais de três décadas. Há oito anos, a Estação Comandante Ferraz ardeu em chamas. A reconstrução entrou em cartaz rapidinho, sem choro nem velas. Viva! Na quarta-feira, a base foi reinaugurada. O noticiário trouxe velha questão ao debate: Antártica ou Antártida? A Marinha diz Antártica. E os dicionários?

Aurélio e Houaiss

O Aurélio classifica o verbete “antártico” como adjetivo e substantivo: A Antártica fica no Polo Sul. A Estação Antártica recebeu investimento de R$ 400 milhões e vai conseguir acomodar até 64 profissionais do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). A paisagem antártica causa impacto no visitante.

O Houaiss limita a abrangência da palavra. Diz que “antártico” é apenas adjetivo: continente antártico, paisagem antártica, programa antártico.

O substantivo seria Antártida: A base do Brasil na Antártida pegou fogo em 2012. Na Antártida, há pouco sol e muita neve. A Antártida tem uma fauna que encanta gregos e romanos.

E daí?

Você escolhe. Siga o Aurélio ou o Houaiss. A alternativa é acertar ou acertar.

Etimologia

Antártica vem do latim antarticu, que vem do grego antarktikós. A greguinha é o contrário de anktikós (ártico), que significa ursa. O Polo Sul recebeu esse nome porque dali não se avista a constelação Ursa Maior.

Curiosidade

Na mitologia grega, Ártemis é irmã de Apolo. Ela é lunar; ele, solar. A deusa era acompanhada por um séquito de ninfas. Uma delas, Calisto, devia permanecer virgem. Mas foi vista por Zeus, o deus dos deuses. Não deu outra. O senhor do Olimpo apaixonou-se pela moça.

Pra seduzi-la, assumiu a forma de Ártemis. Mais tarde, quando as beldades foram banhar-se, Calisto se despiu. Ops! Ártemis viu que ela estava grávida. Furiosa, a transformou numa ursa e a matou com uma flechada. Zeus, comovido, lavou a consciência. Ela virou a constelação da Ursa Maior. O filho tornou-se a constelação da Ursa Menor.

É mentira

Trump mandou matar o chefão militar iraniano. O aiatolá revidou com bombardeios a bases americanas no Iraque. Na confusão, míssil derrubou avião ucraniano, que não tinha nada com a história. O Irã assumiu a culpa. Os iranianos foram às ruas protestar contra o governo. Donald Trump mandou um recado: “Não matem os manifestantes”. O aiatolá respondeu com ironia: “São lágrimas de crocodilo”.

Três histórias

A expressão quer dizer manifestar cinicamente um pesar falso. Ninguém sabe ao certo a origem das tais lágrimas. Há três versões:

1. Os crocodilos das margens do Nilo, no Egito, viviam famintos. Como conseguir comida? Quando passava alguém, eles choravam e manifestavam desespero para atrair a atenção. O passante se aproximava. Não dava outra: parava na barriga do bichão.

2. Uma lenda pra lá de antiga dizia que o crocodilo se banqueteava primeiro. Depois, de barriga cheia, caía em lágrimas. De prazer.

3. Quando o crocodilo mastiga a vítima, pressiona o céu da boca e comprime as glândulas lacrimais. Daí por que chora… lágrimas de crocodilo.

Sabedoria

Mário Quintana ironizou: “Pior, mas muito pior mesmo do que as lágrimas de crocodilo, são os sorrisos de crocodilo“.

Leitor pergunta

Repórter de tevê disse, em matéria no parque de Águas Claras, que o local poderia ser usado pelas pessoas para “vim passear”. Doeu. — João Ricardo, Brasília.

Que confusão! O repórter trocou o infinitivo pelo presente do indicativo. Machucou os ouvidos de telespectadores atentos à notícia e à língua. Melhor corrigir: O local poderia ser usado para as pessoas virem passear.

Melhor ainda é a concisão. O desnecessário sobra: O local poderia ser usado para as pessoas passearem.

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