Embora seja muito mais organizada hoje, a entrada de venezuelanos em Roraima continuava sendo muito elevada, antes de a fronteira com o Brasil ter sido fechada por ordem de Nicolás Maduro.
Segundo estimativa da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, “entram 700 pessoas todos os dias”, diz, lembrando que há 2 mil quilômetros de fronteira da Venezuela com Roraima e muitas pessoas chegam no Brasil por rotas alternativas. “Hoje, a ação do Exército ajudou a organizar essa chegada, mas continua sendo muita gente vindo”, afirma.
Teresa disse que sua grande preocupação continua sendo com a capacidade da rede hospitalar da capital para conseguir atender tanta gente. “Precisamos de pelo menos mais 12 médicos aqui. As filas estão muito grandes para os atendimentos. Fizemos estoque grande de remédios, mas quanto mais gente chegar, naturalmente, esses medicamentos vão acabando”, conta.
“Medidas necessárias”
O deputado Alex Manente protocolou uma indicação ao chanceler Ernesto Araújo diante da situação na fronteira entre Roraima e Venezuela. Manente, que é membro do Parlasul, quer que o Itamaraty e o Ministério da Defesa “tome medidas necessárias” para “assegurar o direito de livre trânsito de cidadãos e autoridades brasileiras e venezuelanas que se acham impedidas de levar ou buscar ajuda humanitária para os cidadãos venezuelanos”. Ele não detalhou o que consideraria “medidas necessárias”.
Show humanitário
O presidente da Assembleia Nacional e autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, chegou no final da tarde desta sexta-feira (22) à cidade de Cúcuta, na Colômbia, onde ocorreu o show Venezuela Aid Live – evento beneficente para arrecadar dinheiro e promover a entrada de ajuda humanitária ao território venezuelano.
Guaidó foi recebido pelos presidentes da Colômbia, Ivan Duque, Chile, Sebastian Piñera, e Paraguai, Mario Abdo Benítez, além do secretário geral da OEA, Luis Almagro. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, também foi ao evento.
Ao cruzar a fronteira, Guaidó desobedeceu uma decisão do Tribunal Supremo da Venezuela, que no final de janeiro congelou suas contas e o proibiu de sair do país.
Segundo as agências France Presse e EFE, Guaidó disse que conseguiu entrar na Colômbia “porque as Forças Armadas também participaram desse processo [de atravessar a fronteira]”.
Venezuela Aid Live
Maná, Alejandro Sanz, Luis Fonsi, Maluma, Juanes e Fonseca foram alguns dos artistas que participaram do show em Puente Tienditas, na fronteira da Colômbia com a Venezuela. Estima-se que 300 mil pessoas participaram do evento, segundo a agência France Presse.
O evento visa “criar consciência global sobre a crise humanitária que a Venezuela enfrenta e para levantar fundos para nossos irmãos necessitados”.
O bilionário britânico Richard Branson, do grupo “Virgin”, responsável por organizar o evento, planeja arrecadar US$ 100 milhões em 60 dias com a iniciativa.
Ajuda humanitária
Guaidó marcou para este sábado (23) a passagem de ajuda humanitária doada por outros países, entre eles o Brasil. Voluntários irão em caravanas às fronteiras terrestres e marítimas do país para ajudar. Mas Maduro se nega a receber ajuda internacional, que segundo ele representa um pretexto para uma invasão militar à Venezuela e subsequente golpe para tirar o chavismo do poder.
Segundo o porta-voz do presidente Jair Bolsonaro, Otávio do Rêgo Barros,o governo brasileiro tem cerca de 200 toneladas de alimentos estocados para ajuda humanitária à Venezuela.
Até esta sexta-feira, havia um único caminhão venezuelano na capital Boa Vista, em Roraima, para aguardar o início do transporte dos produtos.
O estoque da ajuda humanitária inclui alimentos básicos, como arroz, feijão, café, leite em pó, açúcar, sal, além de kits de primeiros-socorros. Parte desse estoque foi doado por outros países, entre os quais os Estados Unidos.