Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de dezembro de 2024
Ainda falta um mês para o início do segundo mandato de Donald Trump nos EUA, mas ele já causa ondas de choque pelo mundo. Suas ameaças de impor tarifas tiveram influência na crise de Gabinete no Canadá que deixou o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, na corda bamba. Na Europa, o temor quanto às tarifas enfraqueceu ainda mais governos que já estavam cambaleantes.
Líderes aliados correm para encontrar maneiras de manter o apoio à Ucrânia enquanto Trump busca um acordo rápido para pôr fim à invasão da Rússia. A perspectiva da abertura de negociações tem levado ambos os lados a intensificarem os esforços nos campos de batalha, com Moscou usando seus mísseis mais avançados e Kiev levando os conflitos até a capital russa, com o ousado assassinato de um general.
No Oriente Médio, os líderes de Israel e Turquia, favoráveis a Trump, vêm se mexendo para conseguir vantagens, enquanto o Irã, sempre um alvo do presidente eleito, sofre com os reveses de seus aliados Hezbollah e Hamas e a queda repentina do ditador que apoiava na Síria.
A China, que até agora em grande medida se salvou dos holofotes de Trump nas plataformas sociais on-line após a eleição americana, vem reforçando suas defesas no comércio exterior em antecipação à forte ofensiva que se prevê do novo governo dos EUA.
“Estamos na velocidade de Trump e queremos resolver as coisas rápido”, disse Keith Kellogg, general da reserva nomeado por Trump como enviado especial para Ucrânia e Rússia, ao programa de TV “Fox Business”, em 18 de dezembro, enquanto se preparava para sua primeira viagem à região – antes mesmo da posse do presidente eleito. “Ele fez promessas na trilha da campanha e vamos cumprir essas promessas.”
Embora não seja incomum que líderes políticos, tanto americanos quanto de fora dos EUA, briguem pela atenção de um presidente eleito do país, o grau de influência de Trump antes da posse impressiona.
“Há uma nova luz sobre o mundo inteiro, não apenas aqui”, disse Trump, em discurso em Phoenix, no domingo (22).
A declaração foi feita após ele ter alertado o Panamá de que os EUA se opõem às taxas sendo cobradas pelo uso do Canal do Panamá e que estão preocupados com a crescente influência chinesa sobre a via. Ele chegou a dizer que poderia exigir o retorno do canal ao controle americano.
No cenário interno, Trump passou a semana passada conduzindo as negociações sobre um projeto de lei de gastos para evitar a paralisação da máquina administrativa do governo americano. O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, disse que as autoridades monetárias começam a levar em conta em suas análises algumas das possíveis medidas do presidente eleito, como as tarifas. O mercado acionário dos EUA e o bitcoin tiveram fortes valorizações desde a eleição — movimentos que Trump se vangloria de ser o responsável. Por sua vez, o presidente dos EUA, Joe Biden, praticamente desapareceu do palco.
Para o mundo, essas turbulências são um vislumbre do que o novo mandato de Trump deverá trazer, uma vez que o presidente eleito levará adiante sua agenda “EUA em 1° Lugar” sem muitas das restrições que limitaram seu primeiro mandato. Forças populistas estão em alta em muitos países, posicionando aliados de Trump como contestadores dos líderes do establishment.
Na sexta-feira (20), Elon Musk, o bilionário e confidente de Trump, logo após uma enxurrada de tuítes que influenciou as negociações sobre o projeto de lei de gastos públicos em Washington, direcionou sua atenção à Europa e manifestou apoio ao partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) como a única forma de “salvar” a maior economia da Europa.
Isso lhe valeu uma repreensão do primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, que enfrentará eleições antecipadas em fevereiro, em um momento de queda no apoio a seu partido e de agravamento das dificuldades econômicas. Musk incrementou a pressão no sábado (21) ao pedir a renúncia de Scholz, após um ataque que deixou vários mortos em um mercado de Natal. As informações são da agência de notícias Bloomberg.