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Por Redação O Sul | 6 de março de 2022
Um anti-inflamatório utilizado no tratamento da artrite reumatoide reduziu em 13% o risco de óbito em hospitalizados com a forma grave de covid-19. O resultado animador foi observado por pesquisadores britânicos em mais um desdobramento do estudo Recovery, uma iniciativa científica que já apontou outros três medicamentos como armas eficazes no combate ao novo coronavírus. Os dados mais recentes obtidos pelo grupo foram apresentados na plataforma on-line de pesquisas MedRxiv e ainda não foram revisados por pares.
A investigação se deu entre fevereiro e dezembro de 2021 e contou com a participação de mais de 8 mil pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2. Elas foram divididas em dois grupos: 4.008 receberam o tratamento padrão para a covid-19 e 4.148, os mesmos cuidados básicos combinados com a droga baricitinibe. O experimento durou até 10 dias.
As análises dos dois grupos resultaram em dados promissores nos integrantes do grupo que recebeu o anti-inflamatória: redução de 13% do risco de óbito, além de maior propensão a receber alta dentro de 28 dias e menor necessidade do uso de respiradores artificiais durante a internação. Segundo os autores do artigo, não houve detecção de risco maior de surgimento de outras infecções ou trombose (complicações da coagulação do sangue) nesses pacientes.
Para a equipe, os resultados fortalecem observações feitas em pesquisas menores com o mesmo medicamento. O Recovery é duas vezes maior em número de avaliados que oito estudos que testaram o baricitinibe e medicamentos similares (conhecidos como inibidores de JAK) para o tratamento do novo coronavírus.
“Esse resultado confirma e amplia descobertas anteriores, proporcionando maior certeza de que o baricitinibe é benéfico e, com isso, temos novos dados importantes, que podem nos ajudar a desenhar o melhor tipo de tratamento para nossos pacientes”, afirma, em comunicado, Peter Horby, professor da Universidade de Oxford e um dos autores do estudo.
Para o cientista, o anti-inflamatório poderá ser usado com outros fármacos que já se mostraram promissores. Em janeiro, considerando resultados preliminares dos testes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o uso do baricitinibe.
Para os responsáveis pela pesquisa, a maior vantagem do medicamento testado é o baixo custo. Os especialistas calculam que o uso do baricitinibe pode custar cerca 300 euros (R$ 1,6 mil) por paciente, ao ser incorporado ao coquetel de medicamentos já usados no combate à covid-19 grave. “Como sempre, temos também o desafio de garantir que esse e outros tratamentos para o novo coronavírus estejam disponíveis e acessíveis para que todos possam se beneficiar”, enfatiza Horby.
Outros três
O baricitinibe é o quarto tratamento testado pelos pesquisadores britânicos que demonstrou alto potencial no combate ao Sars-CoV-2. Em junho de 2020, os especialistas anunciaram que o anti-inflamatório dexametasona reduz em um terço o risco de morte nos pacientes mais graves. Em fevereiro de 2021, o Recovery mostrou que a mortalidade por covid-19 caiu para 50% com o uso do tocilizumabe, uma droga também desenvolvida para tratar a artrite reumatoide, em conjunto com a dexametasona.
O terceiro tratamento com bons resultados é o Ronapreve, um coquetel de anticorpos criados pela empresa americana Regeneron eficaz apenas para os casos mais graves da infecção. “Juntos, esses tratamentos estão reduzindo o risco de morte dos pacientes em mais da metade, e acreditamos que podemos alcançar uma marca ainda maior”, diz Martin Landray, epidemiologista da Universidade de Oxford.