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Anunciada a construção da primeira usina de etanol em larga escala no Rio Grande do Sul

O vice-presidente Geraldo Alckmin (E) e o governador Eduardo Leite (D) visitaram a área das futuras instalações. (Foto: Maurício Tonetto-Secom-RS)

Em cerimônia realizada nesta sexta-feira (4) com as presenças do governador Eduardo Leite e do vice-presidente Geraldo Alckmin, a empresa Be8 e a prefeitura de Passo Fundo (Região Norte do Estado) anunciaram oficialmente a construção da primeira usina de etanol em grande escala no Rio Grande do Sul. A obra deve ser concluída até 2025.

O investimento é de R$ 556 milhões. Conforme o termo de compromisso, a planta industrial prevê capacidade de produção anual de 220 milhões de litros do biocombustível – hoje, o Estado produz menos de 1% da demanda interna, que é de aproximadamente 1 bilhão de litros por ano.

A fábrica ainda oferecerá ao mercado 155 milhões de toneladas anuais de farelo oriundo da produção do etanol. Obtido imediatamente após o processo fermentativo, trata-se de um coproduto de grande potencial para a produção de rações animais.

Antes da solenidade, as autoridades conheceram as instalações da Be8, antiga Bsbios. Leite e Alckmin visitaram um laboratório e conheceu os tipos de biocombustíveis que serão produzidos a partir de grãos de culturas de inverno como milho, trigo, triticale, arroz e sorgo.

De acordo com Be8, o empreendimento criará quase 150 empregos diretos e mais de mil indiretos. No ano passado, o governo do Estado já havia firmado um protocolo de intenções incluindo o projeto da usina de Passo Fundo no programa Pró-Etanol, concebido para alavancar a produção do biocombustível no Rio Grande do Sul.

O governador disse que, além de alavancar a capacidade de produção e de suprimento da demanda gaúcha por etanol, o futuro empreendimento impactará positivamente o setor agrícola:

“Ao produzir aqui o etanol, aumentaremos a demanda pelas culturas de inverno. Só com essa indústria, vamos sair de 1% da capacidade de produção para o consumo interno para cerca de 24% até 2027. Isso também demandará mais da produção primária com as culturas de inverno, gerando renda no campo e na cidade”.

Alckmin também valorizou o aspecto sustentável da indústria de etanol: “O Brasil tem compromisso com o combate às mudanças climáticas e com a descarbonização. A transição energética é uma oportunidade que atrairá investimentos. Essa é a nova industrialização, que vem ao encontro da política de combate às mudanças climáticas”.

Presidente da Be8, Erasmo Battistella ressaltou o apoio do governo gaúcho ao setor de biocombustíveis: “O governador tem sido um grande parceiro do setor, com sensibilidade para melhorar os incentivos fiscais, devolvendo a competitividade que estávamos perdendo”.

O dirigente anunciou que outro produto da nova fábrica será o glúten vital, obtido a partir da farinha de trigo, que hoje é importado pelo Brasil. Leite reforçou que esse projeto também terá apoio do governo do Estado.

Decreto

Na quinta-feira (3), o governador havia assinado decreto que regulamenta a possibilidade do uso de crédito presumido para produtores de etanol, em um patamar de 48% do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) devido. O objetivo é incentivar a produção do combustível no Estado.

A alteração também contempla o etanol anidro, utilizado na mistura obrigatória da gasolina. Desde 2021, o Rio Grande do Sul conta com o programa Pró-Etanol, que concede créditos para o etanol produzido localmente.

O governador ressaltou, ainda, que o decreto vai estimular a produção das culturas de inverno que são utilizadas na indústria de etanol, o que fortalece a cadeia produtiva e gera mais empregos: “A ampliação da possibilidade [do uso créditos presumidos] só foi possível devido ao ajuste das finanças do Estado”.

(Marcello Campos)

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