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Por Redação O Sul | 28 de dezembro de 2021
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a propaganda da gestrinona e de produtos que contêm essa substância e, ainda, disse que esses itens são um “risco à saúde pública”. Difundido nos últimos anos, o chamado “chip da beleza” libera continuamente esse esteroide com ações anabolizantes.
Do tamanho de um palito de fósforo, o dispositivo de silicone é implantado no corpo para liberar continuamente hormônios, como a gestrinona, esteroide com ações anabolizantes. A promessa é que, com os efeitos androgênicos da substância, ocorra emagrecimento, ganho de massa muscular e aumento na disposição física. Costuma-se omitir nos anúncios, porém, que ele não tem registro da Anvisa e pode causar efeitos colaterais, como desníveis de colesterol, problemas no coração e no fígado, entre outros.
Na Resolução nº 4.768, de 22 de dezembro, a agência argumenta que a divulgação da substância fere regras que restringem propaganda de produtos com necessidade de prescrição e manipulados a médicos, cirurgiões-dentistas e farmacêuticos. Por isso, adotou a medida preventiva.
Em resposta a ofício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), a Anvisa reforçou que “não há medicamentos contendo o insumo farmacêutico ativo gestrinona com registro sanitário válido no Brasil”. Destacou ainda que “tampouco constam em seu banco de dados pedidos de registro aguardando análise ou em avaliação pela área técnica”.
“Em outras palavras, não é possível alegar que esses produtos são eficazes e seguros, o que representa, per se, um risco à saúde pública”, diz a nota técnica da agência.
No início de novembro, a Sbem divulgou posicionamento contrário ao implante de gestrinona – que foi enviado à Anvisa, ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e à Associação Médica Brasileira (AMB). O documento destacou que “a gestrinona têm sido usada erroneamente por mulheres na busca de melhora da performance física e estética”.
“No Brasil, a utilização de implantes hormonais utilizando esteroides sexuais e seus derivados aumenta de forma avassaladora. Por serem apresentações customizáveis, existe um real risco de superdosagem e de subdosagem”, diz o texto.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no início de dezembro, o presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade da SBEM, Alexandre Hohl, um dos signatários do posicionamento, explicou que, em um primeiro momento, o dispositivo com gestrinona era injetado no corpo com a justificativa de tratar a endometriose, distúrbio ligado ao crescimento de tecidos do útero.
Há cerca de cinco anos, porém, percebeu-se que o uso do dispositivo para fins estéticos e a combinação com outros tipos de hormônios passou a se intensificar. O nome “chip da beleza” veio no meio desse processo. “Quando se viu, estavam colocando todo tipo de anabolizante nos chips, principalmente com a justificativa de aumentar massa magra e diminuir massa gorda. Mas não há indicação médica para benefício estético”, contou Hohl à época. “Pode dar acne, problemas no fígado, no coração, na mama, aumentar colesterol e gerar uma série de outros efeitos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.