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“Call center do crime” vazou dados de 120 milhões de brasileiros, mais da metade da população do País

Os ataques hackers mais frequentes enfrentados pela Justiça do Trabalho gaúcha são varreduras de rede, phishing e negação de serviço distribuído. (Foto: Freepik)

A Polícia Civil de São Paulo realizou nesta semana uma operação contra quadrilha investigada por invadir dados pessoais de pelo menos 120 milhões de brasileiros e revendê-los para um leque de clientes que inclui organizações criminosas e grupos especializados em golpes virtuais. O contingente de vítimas representa cerca de 55% de toda a população do País.

Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão na capital paulista, em Campinas, Bauru, Taubaté, Praia Grande, e também em Londrina (PR) e Uraí (PR), com o apoio da polícia paranaense. Sete integrantes da quadrilha foram identificados e responderão por associação criminosa, invasão de dispositivo informático e violação de segredo profissional.

As investigações foram iniciadas em outubro do ano passado, após um vazamento de informações do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). De acordo com o coordenador da Unidade de Inteligência da Polícia Civil, Everson Contelli, o grupo também conseguiu extrair informações (incluindo senhas e saldos bancários) de clientes de bancos digitais e empresas de telefonia, além de servidores de dois tribunais e órgãos públicos, até mesmo nas Forças Armadas.

Somente no âmbito do governo do Rio de Janeiro foi violado o sigilo de 170 mil servidores. Também foi encontrada nos arquivos dos criminosos uma planilha intitulada “Gov SP (130 mil nomes)”.

Esses dados eram estruturados pela quadrilha, por vezes com o auxílio de empresas especializadas, para depois serem vendidos para grupos que utilizavam as informações para diversas finalidades: da abordagem de empresas de telemarketing até a aplicação de golpes digitais e operações para lavagem de dinheiro ou evasão de divisas utilizando os dados das vítimas.

Sob encomenda

Os criminosos aceitavam encomendas de dados sobre grupos específicos, sendo que o valor de cada transação variava de acordo com o número e a qualidade das informações solicitadss. Pagamentos eram feitos por meio do sistema Pix. A Polícia avalia que na maioria dos casos o vazamento era cometido por indivíduos responsáveis pela gestão dessas informações no setor público ou privado.

“Antes da operação, trabalhávamos com a ideia de haver 80% de chances de a origem desses dados ser de dentro do próprio banco de dados, por meio de um funcionário da empresa ou servidor corrupto”, explica o delegado responsável, Everton Contelli. “Hoje, essa percepção aumentou. Ficou bem claro que um número muito reduzido dessas informações vem de invasões.”

Em nota divulgada à imprensa, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que foram apreendidos “diversos materiais” usados pelos criminosos que serão encaminhados à perícia para a continuidade das investigações. O foco agora é identificar as pessoas responsáveis pelo vazamento dos dados e quem são os compradores – algumas empresas já foram notificadas.

“Nossos dados são um patrimônio valiosíssimo, e estamos deixando isso depositado por aí”, finaliza Contelli. O vazamento é uma afronta à Lei Geral de Proteção de Dados e configura grave violação à integridade digital. Precisamos estabelecer uma reprimenda mais específica em relação a esse tipo de incidente.”

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