Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Carlos Roberto Schwartsmann | 11 de novembro de 2021
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A história dos cirurgiões no mundo ocidental iniciou no século XVII, quando os barbeiros foram autorizados a realizar cirurgias e se tornaram médicos!
Operar é um ato artístico de 1ª grandeza. O cirurgião desenvolve sua arte no corpo humano com instrumentos cortantes que abrem caminhos nos tecidos frágeis e até vitais.
Na sala de cirurgia ele é o ator, o diretor e o roteirista. O pior cenário é a morte.
A maior glória é o aplauso, o reconhecimento!!
O cirurgião aprende a conviver com sentimentos paradoxais e opostos: agressividade e compaixão. Prepotência e afeto.
Precocemente na carreira pode desenvolver a ideia que tudo pode ser resolvido com a lâmina afiada do bisturi.
Um velho aforisma representa bem esta fase: “o cirurgião quando entra na sala de cirurgia pensa que é Deus, mas quando sai ele tem certeza”.
O equilíbrio só é alcançado quando ele desenvolve os cinco Hs descritos por Pitrez no seu livro “o ser médico”: Habilidade, Honestidade, Hodiernidade, Honorabilidade e Humildade.
Habilidade: não é possível ser um bom cirurgião sem ter destreza natural. Em toda arte a única maneira de melhorar seu desempenho, sua habilidade é com o treinamento repetitivo. Não deve ser considerado um elogio a referência: “ele possui duas mãos esquerdas”!
Honestidade: ser sempre fiel aos preceitos médicos. Jamais se deixar influenciar por vantagens financeiras. A cura é a maior meta a ser atingida.
Hodiernidade: é necessário estar atento para o desenvolvimento de novas técnicas. Aceitar a evolução tecnológica mesmo sabendo que o amor, o afeto e o sofrimento jamais serão robotizados.
Honorabilidade: ter o reconhecimento dos pacientes, dos colegas, da comunidade médica e da sociedade é o melhor presente a ser recebido.
Humildade: ter noção das suas limitações. É preciso ser prudente na indicação invasiva. O paciente deve ser visto como um todo e não como um órgão comprometido. Nós somos todos humanos!
O texto é uma homenagem aos meus professores de cirurgia, mas especialmente ao Prof. Dr. Fernando Pitrez. Sei que ficará feliz ao lê-lo!
O reconhecimento e a gratidão devem ser declarados durante a vida. Sorte nossa que o destino ainda nos preservou para saborear este ato. Obrigado grande mestre!
De acordo com o juramento de Hipócrates: “Penso estar honrando meu mestre como meu próprio pai!
Prof. Dr. Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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