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Aos 27 anos, João Henrique Campos, se tornou o prefeito mais jovem do Brasil. E, agora, aos 30, foi reeleito com quase 80% dos votos em Recife

Campos é herdeiro de uma família que está na política desde o início do século 20. (Foto: Rodolfo Loepert/Prefeitura do Recife)

Aos 27 anos, João Henrique Campos, se tornou o prefeito mais jovem do Brasil. E, agora, aos 30 foi reeleito com quase 80% dos votos em Recife, capital de Pernambuco. Campos é herdeiro de uma família que está na política desde o início do século 20. Seu bisavô era Miguel Arraes (1916-2005), um dos grandes políticos brasileiros, três vezes governador do Estado. Seu pai, Eduardo Campos (1965-2014), promissor político do PSB, fazia a campanha para a presidência da República, quando morreu em um desastre aéreo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele fez uma análise do primeiro turno das eleições. Diz que, muitas vezes, o discurso ideológico da direita captura mais eleitores do que o da esquerda porque consegue escapar da rota ideológica e ir para a vida real.

“Muitas vezes o discurso ideológico da direita captura mais gente do que o da esquerda. Por isso que eu acho que o caminho não é entrar nessas rotas ideológicas, é entrar na rota do concreto”, disse o prefeito. “A esquerda precisa ter o pé no chão e o olhar lúcido para ter um diagnóstico correto de como enfrentar as disputas eleitorais nos grandes colégios eleitorais”.

Ele assinala que essa não é uma convocação para que ninguém abra mão de suas convicções ideológicas. É apenas uma constatação de que os partidos que mais cresceram tiveram a capacidade de ter uma construção mais pragmática da realidade eleitoral. “É entender que as pessoas esperam que os prefeitos, que os políticos tenham a capacidade de melhorar a vida delas, de fazer gestão com qualidade, com eficiência. E a gente tem que ter muito cuidado com a discussão acirrada do ponto de vista ideológico, porque ela sai desse campo”. Veja abaixo os principais trechos da entrevista com João Campos.

– Qual é a avaliação que o senhor faz desse primeiro turno das eleições? “Acho que a primeira palavra para falar de eleição, é começar agradecendo a generosidade do eleitor da minha cidade. Eu tive a maior votação da história aqui do Recife, 78% dos votos. Agora, olhando o resultado das eleições Brasil afora, acho que houve crescimento do centro, da centro-direita. Há uma divisão, que você também pode elencar, entre as grandes cidades, as metrópoles e as cidades menores, sobretudo nas cidades menores.”

– O senhor atribui às emendas parlamentares esse resultado?Eu acho que também há uma influência muito grande da força que os partidos têm no parlamento. Então, bancadas com muita força de presença de orçamento, de composições mais pragmáticas de mandato, terminam viabilizando um número maior de candidaturas de prefeituras e de cidades menores.”

– E o PSB?Acho que, no caso do nosso partido, houve um crescimento. O PSB cresceu na eleição, cresceu mais de 20% no número de prefeitos, se posicionando, inclusive, como o partido que mais fez prefeitos dentro do campo progressista. E acho que isso é um sinal de que há um desafio mais ao centro, mas que há também um caminho de crescimento, como no caso do PSB. Que não necessariamente esse crescimento precisa se dar pela direita ou pela centro-direita.”

– Muitos acham que a eleição municipal pode ser uma espécie de “prévia” do que poderia ser a eleição presidencial de 2026. O senhor concorda?O que vejo acontecendo, principalmente nos grandes centros urbanos, são construções muito voltadas para o campo objetivo da cidade. A eleição municipal é diferente de uma eleição de presidente, de deputado que é uma eleição que fica muito nacionalizada. A eleição das cidades é uma eleição que se dá muito no campo objetivo das cidades. É onde você discute o problema concreto. Você discute a mobilidade, a infraestrutura, o trânsito, a drenagem da cidade, a infraestrutura urbana. Então, são pautas muito concretas. E não necessariamente esse reflexo passa pelas grandes pautas nacionais.”

– E isso aconteceu no primeiro turno?O que acho que aconteceu? Houve um crescimento de partidos que tiveram a capacidade de ter uma construção mais pragmática da realidade eleitoral. Certamente tiveram mais candidaturas em colégios eleitorais que tinham mais dimensão. Acredito que os partidos que mais cresceram agora, tiveram uma estratégia eleitoral mais consolidada, voltada ao plano das cidades. E, também alguma medida, a maior correlação de forças que eu faço, sobretudo pelo tamanho dos colégios eleitorais, é a força que cada um está tendo no parlamento.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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