Neste sábado (6), aos 85 anos, morreu, em Barcelona, a soprano espanhola Montserrat Caballé. Ela estava internada no Hospital Sant Pau, desde o mês passado em decorrência de uma doença crônica, não revelada. O corpo da cantora será velado no domingo (7) e enterrada segunda-feira (8), em Barcelona.
Considerada por muitos críticos como a melhor soprano do século 20, Montserrat Caballé apresentou-se em diversos palcos mundo interpretando obras como La Serva Padrona, de Pergolesi; Così Fan Tutte, de Mozart; Norma e I Puritani, de Bellini.
Em seu repertório também se destacaram Il Trovatore, La Traviata, Um Ballo in Maschera e Aida, todas de Giuseppe Verdi.
A artista também interpretou as heroínas Isolda e Sieglinde, de Wagner, assim como as de quatro obras de Giacomo Puccini: Tosca, La Bohème, Madame Butterfly e Turandot.
Montserrat Caballé conquistou um prêmio Grammy e foi agracia com o Príncipe de Astúrias das Artes em 1991, a mais alta distinção concedida na Espanha.
“Uma grande embaixadora do nosso país morreu”, disse o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, pelo Twitter. “Sua voz e sua ternura ficarão conosco para sempre”, completou.
No mundo pop, Caballé ficou conhecida pelo dueto “Barcelona”, ao lado de Freddie Mercury, líder da banda inglesa Queen. A música foi lançada, com sucesso, em 1987. Anos depois, tornou-se o hino da Olimpíada de 1992, disputada na cidade catalã.
Caballé ficou dez anos longe do palco por problemas de saúde e retornou apenas em 2002, quando passou a fazer apresentações esporádicas. Ela revelou ter tido um tumor benigno na cabeça, descoberto ainda nos anos 1980.
Em 2014, foi condenada a meio ano de prisão e precisou pagar uma multa de 240 mil euros (R$ 781 mil) por fraude fiscal. Moradora de Barcelona desde 2010, ela teria deixado de pagar 500 mil euros (R$ 1,6 milhão) ao fisco por simular que seu domicílio ficava no principado de Andorra —assim, não precisaria prestar contas à Fazenda espanhola. Caballé devolveu o dinheiro devido em impostos.
Montserrat Caballé Folch nasceu em 12 de abril de 1933 no bairro de Gràcia de Barcelona, no seio de uma família modesta, onde sua mãe lhe deu sua primeira formação musical que lhe serviu para entrar aos 11 anos no Conservatório Superior de Música do Liceo com uma bolsa. No teatro Coliseum de Barcelona, ela estudou com Eugenia Kemeny, Conchita Badía e Napoleone Annovazzi. Formou-se em 1954 numa acidentada prova final em que chegou a perder a consciência. Em seguida, fez sua primeira estreia operística no papel de Serpina de La Serva Padrona, de Giovanni Battista, no Teatro Principal de Valência, em 27 de junho de 1955, com a Companhia de Ópera de Câmara de Barcelona, dirigida por Napoleone Annovazzi. No Liceo, estreou em 7 de janeiro de 1962 com Arabella, de Richard Strauss.
Depois conquistou os demais teatros de ópera do mundo, sobretudo a partir do incrível sucesso que teve em 20 de abril de 1965 com Lucrezia Borgia, de Gaetano Donizetti, quando substituiu a norte-americana Marilyn Horne, que estava indisposta e não pôde cantar, no Carnegie Hall de Nueva York. O jornal The New York Times chegou a dizer que sua voz era uma combinação dos timbres das lendárias Maria Callas e Renata Tebaldi.
A cantora era casada com o tenor Bernabé Martí desde 1964 e teve dois filhos, Bernabé Martí Jr. e Montserrat Martí, que também é cantora lírica.