Woody Allen voltou a comentar sua intenção de se aposentar como cineasta, mas deixando as portas abertas caso apareçam patrocinadores para os seus filmes. O diretor americano de 88 anos disse, em conversa com a revista “Air Mail”, estar “em cima de muro” sobre a possibilidade de fazer novos filmes.
“Fico em cima do muro quanto a isso”, disse Allen. “Não quero sair para levantar dinheiro. Acho isso uma dor de cabeça. Mas se alguém aparecer, me ligar e disser que quer bancar o filme, então eu consideraria seriamente. Provavelmente não teria força de vontade para dizer não, porque tenho muitas ideias.”
“Coup de chance”, 50º filme dirigido por Allen, foi recentemente lançado nos EUA após ser apresentado no Festival de Veneza do ano passado. Primeiro de sua carreira totalmente falado em francês, o filme é mais uma produção feita na Europa. Desde o ressurgimento da acusação de abuso sexual, em 2014, Allen tem encontrado dificuldade em conseguir financiamento para o seu trabalho nos Estados Unidos.
“Não me importo se tenho distribuição aqui ou não. Depois que faço (um filme), não acompanho mais. A distribuição não é mais como era”, disse o diretor sobre o lançamento de “Coup de Chance” nos EUA, lembrando que “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” ficou nos cinemas por pouco mais de um ano, em 1977. ““Agora a distribuição é de duas semanas no cinema. Todo o negócio mudou, e não foi de uma forma atraente. Todo o romance do cinema desapareceu.”
Em 2022, Allen já havia comentado a possibilidade de aposentadoria, numa entrevista ao jornal espanhol “La Vanguardia”. Na época, ele sugeriu a intenção de largar o cinema para se dedicar apenas à literatura. Mas em entrevista recente aos “New York Times”, Letty Aronson, sua produtora e irmã, deu esperanças de que “Coup de chance” não seja seu último filme, dizendo que uma nova produção está “em processo de negociação”.
“Woody está trabalhando em um roteiro” disse ela. “Vamos ver o que vai acontecer.”
Na trama de “Coup de Chance”, uma esposa entediada em Paris trai seu marido rico e distante com um antigo colega de escola, provocando consequências fatais. Aronson afirmou ao NYT que o filme foi financiado na Europa, mas não deu mais detalhes sobre a identidade dos patrocinadores. Ainda não há previsão de estreia do filme no Brasil.