Ao 95 anos, a atriz Nathalia Timberg volta aos palcos como protagonista de uma montagem do espetáculo “A Mulher da Van”, no teatro do Sesc Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, na próxima sexta-feira (16). Ela ficará em cartaz em curta temporada, até o dia 15 de setembro.
Sob direção de Ricardo Grasson e assistência de Heitor Garcia, a peça aborda as complexas relações humanas, a tolerância e o etarismo. O texto, do autor inglês Alan Bennet, já foi adaptado para o cinema e agora ganha uma montagem brasileira no teatro.
Completam o elenco os atores Caco Ciocler, Eduardo Silva, Duda Mamberti, Roberto Arduin, Lilian Blanc, Noemi Marinho e Cléo de Páris.
“Todos eles são atores de transfiguração, de composição, porque eles têm muita facilidade de se transformar no próprio personagem, mudando o jeito de andar, de falar, a voz, o corpo e até as expressões”, comenta o diretor Ricardo Grasson.
No enredo, Mary Shepherd (Nathalia Timberg) é uma mulher idosa que mora em uma van. Devido aos seus hábitos, os moradores não gostam quando ela decide estacionar o carro próximo a alguma casa. O único que a tolera é o escritor e personagem Alan Bennett.
Após algum tempo, os moradores conseguem proibir que qualquer carro fique estacionado no bairro, mas a sra. Shepherd encontra uma saída. A história é baseada em fatos reais que envolvem uma idosa acumuladora que viveu nos anos 1970, em um subúrbio de Londres.
Sobre a encenação, o diretor afirma que não tentou atualizar o texto para os dias atuais, mas procurou fazer um paralelo com o realismo fantástico, seu trabalho de pesquisa.
“Toda a encenação, a parte plástica do espetáculo, tem a influência dessa estética, que é muito mais comumente vista na literatura e no cinema. E o realismo fantástico nada mais é do que o realismo distorcido, que é um pouco como a nossa vida”, diz Grasson.
Com a estreia, Nathalia Timberg se tornará uma das atrizes brasileiras mais velhas a subirem ao palco. Ela fica atrás de Dercy Gonçalves (1907-2008), que estrelou em “Pout Pourri” aos 100 anos. Sua amiga, Fernanda Montenegro é outra nonagenária que está nos palcos, com a leitura dramática obra feminista “A Cerimônia do Adeus”.