Há um ano, quando a ministra Cármen Lúcia assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal, o seu colega Celso de Mello, como decano, fez o discurso de saudação. A certa altura, afirmou:
“O comportamento honesto e transparente configura obrigação, cuja observância impõe-se a todos os cidadãos desta República, que não tolera o poder que corrompe nem admite o poder que se deixa corromper.”
Não serviu como conselho ou advertência, mas a frase deveria estar afixada em vários endereços do poder, onde assaltos aos cofres públicos se tornaram banalidade.
VAI OU NÃO VAI?
Há uma grande dúvida: Geddel Vieira Lima repetirá Antônio Palocci, fazendo acordo de delação premiada? No Palácio do Planalto, existe a certeza de que o episódio não se repetirá.
Palocci suportou por um ano a prisão e decidiu contar tudo, ao ver que os demais protagonistas do esquemão estavam livres e tinham até esquecido dele. É preciso considerar que o ex-ministro dos governos Lula e Dilma teve formação rígida na Libelu, organização de resistência ao regime militar. A instrução número 1 que aprendeu foi não entregar companheiros.
Sobre Geddel, que teve carreira bem diferente, a melhor definição foi dada pelo presidente Itamar Franco em 2002: “Trata-se de um percevejo de gabinete”. Quer dizer, é capaz de tudo, como veremos.
CAPÍTULO INESPERADO
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem mais cinco dias no cargo. Virou o ingênuo da história, dando vantagens para um contraventor que não mereceria tantos favores.
O passo seguinte será do núcleo do poder no Planalto: desacreditar ao máximo a Operação Lava Jato para obter o arquivamento da primeira delação de Joesley Batista. A partir daí, inutilizar a denúncia contra o presidente Michel Temer.
QUESTÃO DE LADO
A escolha do deputado federal Carlos Marun, do PMDB, para a função de relator da CPI da JBS equivale a entregar o apito de um Gre-Nal a dirigente do Grêmio ou do Internacional.
TORCIDAS QUEREM OUVIR
Narradores e repórteres de futebol serão convocados para transmissões diárias do bate e rebate entre detentores do poder em Brasília.
EM BUSCA DE EMOÇÕES
A política brasileira entrou num parque de diversões e se encantou com o sobe-e-desce da famosa montanha russa.
DEFESA DA VIDA
Começou a tramitar na Assembleia Legislativa, ontem, projeto do deputado Enio Bacci que impõe condições para o uso de coletes à prova de balas pela Brigada Militar e pela Polícia Civil. Merece regime de urgência. Um dos artigos obriga a fixação em local visível do prazo de validade. Também desautoriza o recondicionamento.
Na tribuna, Bacci lembrou que a Brigada tem 17 mil soldados e 7 mil e 500 coletes. Muitos deles já excederam aos cinco anos de garantia dados pelos fabricantes, pondo em risco muitas vidas.
HÁ 55 ANOS
A 13 de setembro de 1962, o gaúcho Francisco Brochado da Rocha renunciou ao cargo de primeiro-ministro do governo João Goulart, que exerceu por 60 dias. Compareceu ao Congresso Nacional às 2 horas da madrugada, em meio à crise gerada com a tentativa de antecipação do plebiscito sobre o fim do parlamentarismo. Depois do anúncio em Brasília, voltou para Porto Alegre.
SURPRESA NO ENREDO
Cada Vez Mais Enrolados é o nome da novela do momento. Estrelando, o mega-empresário Joesley Batista e o ex-procurador Marcello Miller.