Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 28 de abril de 2025
Um apagão de grandes proporções deixou a maior parte da Espanha e de Portugal no escuro nessa segunda-feira (28). A queda na energia paralisou trens, metrôs e voos, afetou os sistemas de saúde e de pagamentos, bem como a indústria dos países, derrubando a internet e sinais de celular nas capitais.
A energia elétrica havia começado a voltar a algumas partes da Península Ibérica no final da noite. Vídeos que circulam nas redes sociais mostravam moradores comemorando.
O blecaute teve início por volta das 7h no horário de Brasília (11h em Portugal e 12h na Espanha). Escritórios foram fechados e o trânsito ficou caótico com os semáforos desligados. Imagens da televisão espanhola mostraram estações de metrô em Madri sendo esvaziadas, com trens parados. O ministro dos Transportes da Espanha, Óscar Puente, anunciou que não seria possível retomar o serviço de trens nesta segunda-feira, mesmo com o retorno da energia.
Em Barcelona, moradores foram vistos entrando em lojas em busca de rádios movidos a pilha, e civis passaram a orientar o trânsito em avenidas importantes da cidade. O Parlamento espanhol em Madri foi fechado, e os jogos do Torneio de Tênis Madrid Open foram suspensos. Três partidas estavam em andamento quando a energia foi cortada. Em ambos os países, hospitais e outros serviços de emergência acionaram geradores. Postos de combustíveis pararam de funcionar.
Juntos, Espanha e Portugal somam uma população de cerca de 60 milhões de pessoas. Ainda não está claro quantas foram diretamente afetadas pelo ocorrido. Em Portugal, o apagão atingiu Lisboa e regiões próximas, bem como áreas do norte e do sul do país. A polícia portuguesa reforçou o efetivo nas ruas para orientar o trânsito e atender ao aumento de pedidos de socorro, inclusive de pessoas presas em elevadores.
O Ministério do Interior da Espanha declarou emergência nacional, mobilizando 30.000 policiais em todo o país para manter a ordem, enquanto os governos dos dois países convocavam reuniões de emergência. Interrupções de energia em tal escala são extremamente raras na Europa.
A causa do apagão ainda não está clara. As autoridades de Portugal sugeriram que o problema começou na Espanha. Já o governo espanhol culpou o rompimento a partir de uma conexão com a França.
O primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, disse que não havia “nenhuma indicação” de que um ataque cibernético tivesse causado o apagão, que começou por volta das 7h33 (horário de Brasília).
No entanto, circularam rumores de uma possível sabotagem, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse ter conversado com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte.
Sánchez disse que o país havia sofrido uma perda de 15 GW de geração de eletricidade em cinco segundos, o equivalente a 60% da demanda nacional. Os técnicos estavam trabalhando para descobrir o motivo da queda repentina, disse ele.
“Isso é algo que nunca aconteceu antes”, disse.
João Conceição, membro do conselho da operadora de rede portuguesa REN, disse aos repórteres que a empresa não descartou a possibilidade de uma “oscilação muito grande na tensão elétrica, primeiro no sistema espanhol, que depois se espalhou para o sistema português”.
“Pode haver mil e uma causas, é prematuro avaliar a causa”, disse ele, acrescentando que a REN estava em contato com a Espanha.
A REE, operadora da rede elétrica da Espanha, culpou uma falha na conexão com a França por ter desencadeado o efeito em cadeia.
“A extensão da perda de energia foi além do que os sistemas europeus foram projetados para lidar e causou uma desconexão das redes espanhola e francesa, o que, por sua vez, levou ao colapso do sistema elétrico espanhol”, disse Eduardo Prieto.