Tudo indica que 2024 será o ano em que a inteligência artificial (IA) generativa e os modelos de linguagem ampla (LLM, na sigla em inglês) serão incorporados a produtos que você talvez queira comprar.
Esta semana, as atenções estão voltadas para Las Vegas, nos EUA. A Consumer Electronics Show (CES), uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, recebe milhares de engenheiros, empreendedores e empresas de tecnologia, todos ansiosos para compartilhar suas visões de o que está por vir. E, sim, a IA está mais presente do que nunca na feira. É um show repleto de otimismo e inovação. Estas deverão ser as tendências tecnológicas de 2024:
Empresas como a Intel e a Qualcomm estão correndo para fabricar PCs comuns projetados para se destacarem em recursos de IA, alimentados por “unidades de processamento neural” em suas CPUs. A Microsoft, cujo software Windows será executado nessas máquinas, determinou recentemente que os novos PCs com o sistema operacional devem incluir um botão dedicado à IA, para facilitar o acesso ao Copilot AI.
A Samsung planeja lançar novos celulares “alimentados por IA” logo após a CES. A Humane, uma startup da Califórnia, está se preparando para lançar uma espécie de broche com tecnologia de IA que envolve o usuário em conversas e projeta dados em sua mão, o AI Pin.
Mesmo nesse estágio inicial, a lista de produtos com tecnologia de IA programados para estrear em 2024 inclui carros, robôs de todos os tipos e até mesmo ferramentas. Ainda não se sabe se vale a pena usar qualquer um desses produtos, mas se prepare para ouvir falar de gadgets de IA durante o resto do ano e depois dele.
Neste ano, começaremos a ver as gigantes de tecnologia promoverem uma visão mais completa de o que a realidade virtual, a realidade mista e a realidade aumentada possibilitarão para nós. No ano passado, a Apple apresentou uma primeira tentativa de óculos de realidade visual e aumentada, que custa US$ 3,5 mil (R$ 17,1 mil), e que ela espera que mude a maneira como consumimos mídias e trabalhamos. A empresa prepara um lançamento para fevereiro, mas duas perguntas ainda não foram respondidas: a Apple conseguirá criar um fone de ouvido de realidade mista que as pessoas queiram usar? E o que acontecerá com todo o movimento da computação espacial se ela não conseguir?
Além dela, a Samsung e o Google anunciaram uma parceria no ano passado para trabalhar em fones de ouvido com óculos de realidade virtual.
Enquanto isso, a fabricante de chips Qualcomm continua produzindo versões atualizadas de seus processadores “XR” que oferecem resoluções cada vez mais altas (para colocar imagens mais detalhadas na frente de seus olhos) e suportam mais câmeras (para rastrear melhor os olhos, as mãos e o mundo ao redor do usuário).
O terrível potencial das ferramentas de IA generalizadas em ano eleitoral é claro: a desinformação por meio de deepfakes, ou vídeos e imagens artificiais, e artigos de notícias enganosos gerados por IA podem ajudar a aprofundar as divisões políticas, desestruturar as campanhas e envenenar a percepção das pessoas.
“A circulação generalizada de conteúdo fabricado pode minar a confiança dos eleitores no ambiente de informações mais amplo”, diz uma pesquisa produzida por pesquisadores da Harris School of Public Policy da Universidade de Chicago e da Stanford Graduate School of Business. “Se os eleitores passarem a acreditar que não podem confiar em nenhuma evidência digital, será difícil avaliar seriamente aqueles que procuram representá-los.”
Mas alguns usos aparentemente benignos da IA podem afetar a maneira como você ouve e aprende sobre os legisladores e candidatos. Projetos como o Chat2024, desenvolvido por uma startup de Miami chamada Delphi, permitem que você faça perguntas a chatbots baseados em candidatos presidenciais, treinados com base em suas declarações publicadas e transcrições de aparições em vídeo.
Nenhum gadget ou IA pode substituir um médico humano qualificado. Mas, na CES, um número surpreendente deles promete ajudar a monitorar e cuidar do seu bem-estar. A Withings desenvolveu um aparelho que funciona como estetoscópio digital, além de medir temperatura corporal e níveis de oxigênio no sangue. Outras empresas planejam exibir sensores sofisticados, como fones de ouvido sem fio que supostamente monitoram a saúde do coração de uma pessoa com precisão clínica. Uma startup sediada na Irlanda planeja lançar um sensor vestível que monitora a frequência e a gravidade dos sintomas da menopausa.
Algumas promessas da CES nunca serão cumpridas. Mas muitas chegarão às lojas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.