Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2020
A maioria da população brasileira nunca ouviu falar no Pix e uma fatia ainda menor sabe do que se trata, mostra levantamento da Globo. A sondagem, feita no fim de setembro, aponta que apenas 37% das pessoas têm alguma ideia sobre o novo meio de pagamentos instantâneos, e 13% entendem o que é.
Não por acaso, os bancos têm feito campanhas intensivas para divulgar o serviço, que será lançado para valer no dia 16 de novembro. O objetivo é manter essa clientela, já que o Pix deve atacar algumas fontes de receitas, mas pode estreitar o relacionamento. Mais de 33 milhões de chaves já foram cadastradas para usar o serviço. Cada usuário pode registrar mais de uma chave.
O estudo sugere que os bancos terão de melhorar a oferta e a experiência do cliente, pois alguns atributos que hoje pesam na escolha de onde abrir uma conta tendem a perder relevância com os pagamentos instantâneos. Pouco mais da metade (51% dos entrevistados) afirmou que paga tarifa de transferência ou pacote de serviços. Para 63%, a cobrança é elevada e, numa tentativa de evitá-la, 75% disseram que às vezes ou sempre passam ou pedem uma conta do mesmo banco na hora de fazer uma transferência. Transações entre a mesma instituição costumam ser isentas.
Na hora de apontar os motivos para o cliente manter conta em determinado banco, 35% disseram ser a instituição em que recebem o salário, enquanto a facilidade para transferir dinheiro para amigos e parentes foi citada por 29%. Menor burocracia para abertura da conta foi apontada por 25%. Segurança (23%), maior quantidade de serviços (18%) e melhor experiência e praticidade no uso do aplicativo e do site (18%) vieram em seguida.
Gabriel Nóbrega, chefe de estratégia para o segmento financeiro na área de Inteligência de Mercado da Globo, observa que alguns desses diferenciais vão deixar de existir com o Pix. “Alguns atributos são quase burocráticos, enquanto outros têm a ver com a experiência do cliente e terão de ser reforçados”, diz.
Outra barreira que deve ser reduzida com o Pix é a disponibilidade de caixas eletrônicos para sacar dinheiro. Hoje a facilidade de encontrar um ATM é importante ou muito importante para 81%. O novo modelo prevê a modalidade de saque no varejo, gerando concorrência às instituições com uma grande rede física.
Sacar dinheiro é uma operação realizada por 62% dos clientes que frequentam as agências. No entanto, quase um terço dos entrevistados já contratou algum produto na rede física. Isso mostra, para Nóbrega, que os bancos terão de encontrar outras formas que não a retirada de recursos para atrair clientes. “O atendimento digital terá de ser mais humanizado”, diz.
Com a equalização dos atributos, uma parcela de 46% afirmou ter intenção alta ou muito alta de mudar de banco, enquanto 38% disseram ser indiferentes. “Deve haver uma reacomodação da base bancária”, afirma. A amostra procurou refletir diversidade da população brasileira, mas, como a sondagem foi feita de forma digital, pode ter algum viés.