Terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de janeiro de 2025
Apesar do histórico de divergências sobre decisões do governo entre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é amplamente conhecido. Mas a petista tem notado méritos em declarações recentes do chefe da equipe econômica e fez um raro elogio ao correligionário.
Na avaliação de Gleisi, o ministro marca um gol ao destacar que não há “bagunça fiscal” e, além disso, que o déficit primário em 2024 será de 0,1% do PIB, menor do que o previsto pelo mercado financeiro. “É positiva a postura do Haddad de enfrentamento a questões colocadas no debate da política econômica, tanto em relação a desmentir as fake news sobre o Pix, como na entrevista recente em que ele mostrou os avanços na economia”, afirmou.
Para Gleisi, Haddad tem deixado claro que o resultado das contas públicas vai contra a expectativa negativa. “Ele acerta ao dizer que não temos bagunça fiscal, que o esforço fiscal feito pelo governo de 2023 para 2024 foi muito grande”, observou a deputada, numa referência à entrevista do ministro à GloboNews.
Mas Gleisi também demarca suas diferenças em relação à postura de Haddad. “Isso mostra que não precisamos seguir numa política de cortes”, emendou a presidente do PT, ao contrário do ministro, que propôs no fim do ano passado um pacote de redução de despesas, aprovado pelo Congresso. O chefe da equipe econômica também já admitiu que novas medidas de ajuste podem ser necessárias em 2025.
Há uma avaliação em alas do governo e do PT de que Haddad passava muito tempo se explicando ao mercado, mas sem defender de forma adequada os resultados da economia. A expectativa agora é que a chegada do marqueteiro Sidônio Palmeira ao comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência signifique também uma mudança na forma pela qual a Fazenda comunica suas medidas.
Os atritos entre Gleisi e Haddad no atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começaram ainda no início de 2023, quando a presidente do PT foi contrária à decisão do governo de voltar a cobrar impostos federais sobre combustíveis. A medida foi considerada uma vitória do ministro. A dirigente defendia prorrogar a desoneração dos tributos sobre gasolina e etanol para evitar um repique na inflação e eventual perda de popularidade do chefe do Executivo. (Estadão Conteúdo)