Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de março de 2022
Em nova tentativa de pressionar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, a não deixar o PSDB, uma ala de tucanos recolheu assinaturas e apresentou uma carta pública nesta sexta-feira (18), apelando pela permanência do gaúcho. O documento foi endossado por 28 filiados, como o presidente da legenda, Bruno Araújo, os senadores José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE) e os ex-presidentes do PSDB Aécio Neves, José Aníbal, Teotônio Vilela e Pimenta da Veiga. Na carta, eles dizem “não admitir a possibilidade” de perder Leite em momento crucial para a história do Brasil.
Horas depois da divulgação do texto, Leite se disse “sensibilizado” com a atitude, mas não descartou a saída. O gaúcho negocia ingressar no PSD do ex-ministro Gilberto Kassab para concorrer à Presidência e deve tomar uma decisão nos próximos dias. “Fico sensibilizado pela carta assinada por robusto conjunto de lideranças tucanas – todos os ex-presidentes, deputados, senadores e candidatos a importantes governos estaduais”, escreveu Leite no Twitter. “A manifestação demonstra que o partido está alinhado com minhas preocupações com o País neste momento crucial de nossa história.”
Aliados regionais de Eduardo Leite, como os deputados gaúchos Lucas Redecker e Daniel Trzeciak também endossaram o apelo pela permanência. Assim como o presidente estadual do PSDB em São Paulo e um dos principais aliados do governador paulista João Doria, Marco Vinholi. “Queremos a permanência do Eduardo Leite no partido. Quadro importante”, disse, apesar das divergências entre Doria e Leite.
O texto diz que “o futuro do Brasil está em jogo” e sinaliza uma promessa de que o PSDB irá dar destaque nacional ao governador gaúcho. “Não admitimos a possibilidade de o perdermos, nesse momento crucial para a história do Brasil. O movimento cresce, reuniremos as forças necessárias, a missão será dada, e, certamente, como de costume, vitoriosamente cumprida”.
No entanto, não há consenso sobre quando isso deve acontecer, uma parte da legenda quer que Leite seja candidato a presidente logo nesta eleição de 2022, outra tem afirmado que ele pode se cacifar para a disputa de 2026.
Apesar do número expressivo de quadros relevantes do PSDB que assinaram, algumas ausências aconteceram, como a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de Doria e do ex-chanceler Aloysio Nunes. “Desejo que fique,é melhor para o partido, mas não faço apelo. Ele é quem sabe o que é melhor para ele”, disse Nunes.
Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo se sua resposta à carta indica que ele pretende permanecer no PSDB, Leite respondeu: “Continua o diálogo”. Na mensagem publicada em sua rede social, Leite disse que quer “mudar o Brasil” e que está conversando com muita gente. “Naturalmente, o PSDB é a conversa primeira e fundamental, já que é meu partido há mais de 20 anos.”
Na quinta, 17, o deputado Aécio Neves, um dos principais aliados de Leite, já havia confirmado a articulação. “É uma ideia que está surgindo”, disse. Leite foi convidado por Kassab – que comanda o PSD – para ser candidato à Presidência. Embora não tenha feito um anúncio, o governador indica que vai aceitar. Kassab dá como certa a entrada do tucano no partido e planeja visitar Porto Alegre na próxima semana, quando a decisão deve se tornar pública.
Mesmo assim, integrantes do PSDB ainda procuram convencer o colega a não abandonar a legenda. Na terça-feira, 15, Leite esteve em Brasília e se encontrou com correligionários, como Aécio, o senador Tasso Jereissati (CE) e o presidente do partido, Bruno Araújo.
Quando estava com Aécio, o governador também chegou a conversar, por telefone, com o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP). Depois, no diálogo com Bruno Araújo, quem ligou foi o presidente do Cidadania, Roberto Freire. A estratégia de pôr na linha dirigentes de outros partidos para fazer mais um apelo a Leite foi combinada.
“É muito difícil alguém com uma visão política bem definida e social-democrata, como é o caso do Eduardo Leite, ir para um partido desses. Pode ser um passo arriscado”, afirmou Freire, numa referência ao PSD.
O Cidadania vai formar federação com o PSDB, o que significa que as duas legendas vão agir de forma uniforme no Congresso e em todas as alianças nacionais, estaduais e municipais por, no mínimo, quatro anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.