A Pixar, empresa de animação mais premiada da história, passou os últimos cinco anos sendo questionada pela queda na qualidade dos seus longas. O auge das incertezas foi em 2014, quando o estúdio não foi indicado ao Oscar pela primeira vez na sua história e teve um ano em branco sem nenhum lançamento.
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A boa notícia é que “Divertida Mente”, exibido fora de competição sob fortes aplausos em Cannes, nesta segunda-feira (18), traz todas as qualidades que transformaram a Pixar em um fenômeno não apenas de bilheteria, mas de crítica: é engraçado, emocionante e ainda traz uma importante mensagem sem ser didático, algo que não acontecia desde “Toy Story 3” (2010).
Um dos segredos foi trazer de volta o diretor Pete Docter, que comandou “Up – Altas Aventuras”, uma das obras-primas do estúdio. Docter, ao lado do codiretor Ronaldo Del Carmen, contou com a ajuda de Michael Arndt (“Pequena Miss Sunshine”) para melhorar um roteiro, um luxo conquistado quando o filme foi adiado por quase um ano.
Juntos, criaram uma premissa que poderia dar errado ao escrever uma trama passada quase toda dentro da mente de uma criança – uma versão infantil de um dos quadros de “Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo (Mas Tinha Medo de Perguntar)”, de 1972, de Woody Allen.
Mas não é o que acontece. “Divertida Mente”, que estreia em junho no Brasil, reveza entre a vida “real” da garotinha Riley (voz de Kaitlyn Dias) e suas quatro emoções internas: Alegria (Amy Poehler), Tristeza (Phyllis Smith), Medo (Bill Hader) e Nojo (Mindy Kaling).
“Eu sabia que a ideia era especial desde que ouvi pela primeira vez, mas sabia também que era algo difícil de criar, porque todo mundo conhece as emoções, mas ninguém é capaz de vê-las”, explicou John Lasseter, diretor de criação da Pixar/Disney, em entrevista à imprensa mundial. “Tudo sobre como funciona a memória ou as emoções foi complicado, então nosso trabalho era simplificar. Não para as crianças, mas para os adultos”, brincou Docter.
Em seguida, todas as emoções entram em conflito quando a família de Riley muda-se para São Francisco o que coloca a menina em um conflito emocional. Neste caso, representado com o afastamento involuntário de Alegria e Tristeza do sistema de controle mental. “Alegria, como todas as emoções, acha que ela deve mandar sozinha no corpo, mas aprendemos que não é bem assim”, disse a atriz Amy Poehler.
Apesar de momentos hilariantes (as emoções internas da mãe volta e meia trazem um “piloto de helicóptero brasileiro”) que vão fazer a criançada passar 1h30min no cinema sem problemas, “Divertida Mente” ainda trata de um tema importante em um tempo em que se discute muito depressão e problemas emocionais em adolescentes. “Tentamos trazer um pouco de nossas vidas para fazer o público reconhecer e se identificar”, comentou Docter.
“Nunca deixamos de acreditar que animação era para todo mundo”, completou Lasseter. “No fim dos anos 1960, os estúdios de animação venderam seus acervos para a TV e ela achava que desenhos eram apenas para criança. Mas nós fomos inspirados pela revolução no fim dos anos 1970, quando Spielberg, Coppola, Lucas e Scorsese fizeram grandes filmes. E eu sabia que poderia fazer o mesmo.” (Rodrigo Salem/Folhapress)
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