Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
28°
Fair

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Política Apoiadores de Bolsonaro reagem à denúncia da Procuradoria-Geral da República com retórica já vista com Trump

Compartilhe esta notícia:

Para a socióloga Esther Solano, um destaque na narrativa dos últimos dias é a retórica da vitimização. (Foto: Reprodução)

A reação da base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à denúncia por tentativa de golpe apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) reúne elementos típicos do bolsonarismo, como o apelo à desinformação e a tese de perseguição à direita pelo “sistema”, e expõe um alinhamento com práticas da extrema direita global, avaliam pesquisadores dessas temáticas.

Para a socióloga Esther Solano, que conduz pesquisas com simpatizantes de Bolsonaro desde 2017, um destaque na narrativa dos últimos dias é a retórica da vitimização. “No enquadramento moral de luta do bem contra o mal, Bolsonaro é apresentado como o responsável por uma ‘cruzada’ em nome da liberdade e dos valores conservadores, perseguido justamente por ter coragem de enfrentar o sistema”, diz.

Em linha com a estratégia da defesa do ex-presidente, que nega a participação dele e questiona as apurações da Polícia Federal (PF), o bolsonarismo nega a tentativa de ruptura e repercute as falas de Bolsonaro e seu entorno sobre um suposto conluio entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo Lula para censurar e aniquilar a direita. Esther diz que a noção de politização do Judiciário tem se consolidado mesmo fora da ala de apoiadores classificados como fanáticos.

“Democracia e liberdade são dois conceitos ressignificados pela extrema direita, numa chave de que eles são os verdadeiros patriotas e prezam pela democracia e, por isso, são combatidos”, completa a socióloga, que observa a repetição de mensagens homogêneas após a denúncia, sobretudo na ala radicalizada, que influencia os mais moderados. “O que estou captando nesse segundo grupo, por consequência, é uma visão nebulosa sobre a tentativa de golpe, com dificuldade de entender o acontecido e relativização da gravidade das denúncias”, conclui.

Parte da ofensiva se dá com desinformação, com versões sem lastro nas investigações, como a de que os ataques do 8 de Janeiro tiveram infiltrados de esquerda e os prédios já estavam quebrados antes das invasões.

Monitoramento da empresa de tecnologia Palver em redes sociais e grupos de mensagens mostrou que, entre as principais narrativas reverberadas por bolsonaristas, estavam a de que os atos em Brasília foram uma armação e a de que a ação da PGR foi uma “cortina de fumaça” para tirar o foco dos problemas do governo Lula.

O cerco jurídico a Bolsonaro acionou pilares do bolsonarismo como a lógica de antagonismo constante e a mobilização política pela polarização, nas palavras da cientista política Deysi Cioccari.

“O atual momento se assemelha à pós-derrota de 2022, quando a base se organizou em torno da tese de fraude eleitoral. Mas há uma diferença essencial: antes Bolsonaro ainda exercia papel ativo na política institucional, e agora ele está progressivamente marginalizado pelo avanço jurídico, o que obriga seu campo a recalibrar a estratégia”, diz ela.

Trump

A campanha bolsonarista também está ancorada na relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e outras figuras da direita autoritária, com semelhanças nas respostas ao cerco das instituições, segundo os analistas. O desejo de que Trump ajude Bolsonaro apareceu entre as mensagens captadas pelo levantamento da Palver.

A esperança de intervenção foi corroborada pelo processo aberto nos EUA pela empresa de mídia do presidente americano contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, alegando censura por causa das decisões para remoção de contas em redes sociais.

“O uso da narrativa de ‘lawfare’, ou seja, a ideia de que processos judiciais são instrumentalizados para destruir adversários políticos, é central tanto para Trump quanto para figuras como Viktor Orbán, na Hungria”, afirma Deysi. “O discurso sobre ‘ditadura do STF’ ecoa retóricas vistas em regimes populistas e a tese de setores da nova direita global de que existe um esforço coordenado para impedir o avanço de líderes ‘antissistema’.”

Há ainda a questão eleitoral, que dita cálculos no mundo político e abre fissuras na base popular. Aliados de Bolsonaro têm se dividido entre defesa irrestrita e distanciamento seguro, já que o ex-presidente está inelegível.

“É difícil ganhar [eleição] com ele, porque não pode concorrer, mas também é difícil ganhar sem ele, que é uma liderança imensamente popular e tem muito voto”, diz o cientista político Jorge Chaloub, estudioso da nova direita. “A inelegibilidade o deixa numa situação de fragilidade, o que estimula outros políticos do segmento a questionarem a liderança dele, pensando no futuro. Por isso, há uma variação na disposição de defendê-lo.” (Valor Econômico)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Veja como foi a visita de Lula ao RS na segunda-feira
Base no Senado vai “trabalhar para que projeto da anistia não seja pautado”, garante o senador Humberto Costa
https://www.osul.com.br/apoiadores-de-bolsonaro-reagem-a-denuncia-da-procuradoria-geral-da-republica-com-retorica-ja-vista-com-trump/ Apoiadores de Bolsonaro reagem à denúncia da Procuradoria-Geral da República com retórica já vista com Trump 2025-02-24
Deixe seu comentário
Pode te interessar