Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de abril de 2025
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por suposta trama golpista, resgataram o discurso anticorrupção para atacar o governo Lula após a prisão do ex-presidente e ex-senador Fernando Collor e a operação da Polícia Federal contra fraude bilionária no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Bolsonaristas ironizaram o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter anulado as condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decorrentes da Operação Lava-Jato, mas mantido a de Collor.
O ex-presidente foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão por ter recebido cerca de R$ 20 milhões em propinas relacionadas a contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, durante governos petistas. Já Lula teve suas condenações anuladas porque o STF considerou que a Justiça de Curitiba não tinha competência para julgar processos contra ele.
Ex-juiz da Lava-Jato e responsável pela condenação de Lula na primeira instância, o agora senador Sérgio Moro (União-PR) afirmou que “Collor vai se unir a Renato Duque (ex-diretor da Petrobras) como os únicos condenados atualmente presos da Lava-Jato” e questionou o motivo da prisão de Collor ocorrer só neste momento.
“As perguntas óbvias são por que só agora, por que demorou tanto e, principalmente, por que os demais ladrões da Petrobras foram liberados por alguns ministros do Supremo Tribunal Federal e não estão mais presos? E quem, durante os governos do PT, entregou a BR Distribuidora para o controle do Collor?”, disse Moro à colunista Bela Megale, do jornal O Globo, referindo-se a Lula.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que Collor foi “vítima” de um “ato de ódio” por parte do ministro Alexandre de Moraes e vinculou o caso ao de seu pai. “Ao negar monocraticamente o segundo embargo da defesa de Collor, alegando sê-lo ‘protelatório’ (o que não é o caso), Alexandre cerceia ilegalmente a defesa e mostra exatamente como pretende fazer quando Bolsonaro for recorrer da decisão que o condenará (jogo de cartas marcadas)”.
Ex-procurador da força-tarefa de Curitiba e deputado cassado, Deltan Dallagnol (Novo-PR) acusou o tribunal de seletividade. “Aos amigos, anulações, suspensões e devolução de dinheiro roubado. Aos inimigos, prisão e condenação”, escreveu.
As provas anuladas pelo ministro Dias Toffoli, que vem embasando anulações em casos da operação, são relativas à Odebrecht. Collor, por sua vez, foi condenado em processo relacionado à UTC Engenharia na BR Distribuidora. Além disso, por possuir foro, o caso tramitou em Brasília, em vez de Curitiba.
Outro episódio explorado pela oposição foi a operação da PF para investigar descontos indevidos em aposentadorias do INSS. O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acusou diretamente Lula. “Enquanto Moraes manda oficial de justiça intimar Bolsonaro, a quadrilha de Lula mete a mão nos aposentados e pensionistas do INSS”, escreveu ele, referindo-se à intimação de seu pai pelo STF na UTI para apresentar sua defesa, após participar de live.
Essa também foi a linha adotada pelo governador de Minas, Romeu Zema (Novo). “O mais grave: o presidente do INSS foi nomeado por Lula”, postou. O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto — afastado judicialmente e posteriormente demitido — é, na verdade, afilhado político do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT).
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por sua vez, destacou o fato de um dos irmãos de Lula, José Ferreira da Silva, o Frei Chico, ser o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), um dos alvos da investigação. “Deve ser só coincidência… ou talvez um dom familiar”, escreveu ele.
Em reação, aliados do governo federal ressaltam que os desvios no INSS começaram na gestão Bolsonaro. “Lula acabou com o esquema de corrupção e defendeu os aposentados”, diz nota da bancada do PT na Câmara. As informações são do jornal O Globo.