Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de novembro de 2024
Em um vídeo que circula em redes sociais, pelos menos 20 militares aparecem cercados por camponeses.
Foto: ReproduçãoApoiadores de Evo Morales invadiram o Regimento “Cacique Juan Maraza”, do Exército boliviano, no município de Villa Tunari, na região de Cochabamba, armados com bastões de madeira, e fizeram militares reféns. Um regimento naval também foi invadido.
Em um vídeo que circula em redes sociais, pelos menos 20 militares aparecem cercados por camponeses que carregam bastões pontiagudos feitos de madeira. Segundo a agência estatal de notícias da Bolívia, trabalhadores de saúde também estão entre os aprisionados.
“Cortaram nossa água, nossa luz e nos tomaram como reféns”, narra um deles. O militar que fala no vídeo pede o fim da intervenção aos bloqueios de apoiadores de Morales e clama que seu superior considere o pedido.
“A vida de todos os meus instrutores e dos meus soldados está em perigo (…) por favor, meu general, solicito que considere. Estamos pais, filhos, irmãos, famílias inteiras aqui”, expressa.
“Aqueles que realizaram ou pretendem continuar com atos criminosos contra os direitos fundamentais, os direitos humanos, a segurança e a liberdade do povo (…) são instados a abandonar suas atitudes e deixar o quartel imediata e pacificamente”, disseram as Forças Armadas em um comunicado.
A ação dos apoiadores de Morales seria uma resposta à intervenção policial e militar contra bloqueios de estradas organizados pelo líder dos plantadores de coca. Os bloqueios visam tentar evitar a prisão do ex-presidente, investigado pelo suposto abuso de uma menor durante seu mandato em 2015.
Morales diz estar sendo perseguido por Arce, ex-aliado, com quem tem um confronto aberto. O líder indígena chegou a ser intimado a prestar depoimento, mas não compareceu. No último fim de semana, Morales publicou um vídeo em que aparece sofrendo um ataque a tiros e seu carro atingido por disparos. Ele afirma que o governo Arce tentou assassiná-lo. As autoridades bolivianas, no entanto, afirmam que Morales passou por um bloqueio policial e disparou contra agentes.
A Presidência boliviana confirmou que os militares ainda não foram libertados. Já o Ministério da Defesa informou que uma unidade militar naval também foi invadida. Em comunicado, as Forças Armadas confirmam a ocupação de “unidades militares na região de Cochabamba por grupos armados irregulares” e falam de “sequestro de sequestro de pessoal militar, armamento e munição”.
“Instamos a depor atitudes e abandonar as dependências dos quartéis de maneira imediata e pacífica”, diz o texto. “O pessoal que está retido em qualidade de reféns são filhos do povo que estão cumprindo seu sagrado dever de se preparar para a defesa da pátria”, adicionam.
A invasão das unidades militares acontece, segundo a agência estatal do país, como resposta às operações do governo de Luis Arce para dissolver os bloqueios de estrada que vêm sendo realizados há cerca de 20 dias por apoiadores de Morales.
Nesta sexta-feira (1º), o ministro da Defesa da Bolívia, Edmundo Novillo, afirmou que “a paciência e a tolerância têm limites” e que o governo se viu na obrigação de “tomar ações institucionais garantindo a livre circulação”. Tratores e forças de segurança foram enviados para dissolver os bloqueios e houve confrontos entre manifestantes e policiais.