Sábado, 22 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2025
Um tenso cessar-fogo que esteve sob risco na última semana, a ameaça americana de deslocamento forçado de palestinos e um certo ceticismo sobre a possibilidade de se avançar na trégua.
Foi em meio a esse cenário que a guerra em Gaza completou 500 dias nessa segunda-feira (17), um conflito iniciado a partir do momento em que o grupo terrorista Hamas conduziu uma série de ataques a Israel, em 7 de outubro de 2023, resultando em 1.139 mortos.
Desde então, as respostas do exército de Benjamin Netanyahu levaram a uma destruição generalizada do enclave, com impactos sobre a população — mais de 48 mil pessoas morreram — e em seu território — quase a totalidade dos cerca de 2,1 milhões de habitantes de Gaza tiveram que deixar suas casas, e a maior parte delas sequer existe mais. O retrato atual expõe os desafios para a reconstrução do enclave e desperta preocupação com o tempo e o dinheiro necessários para isso.
Os dados disponíveis sobre o esfacelamento de Gaza, compilados principalmente pela ONU, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde do enclave, são suficientes para dimensionar o estrago causado, mas não compreendem todo o seu impacto. Sob as ruínas, estão ao menos 10 mil corpos que podem fazer o total de mortos, atualizado na última semana, dar um novo salto. Revirar os escombros, aliás, representa um desafio por si só. Para além do volume de detritos, há a preocupação com a carga de explosivos ainda não detonados e, claro, com os restos mortais das vítimas.
Restabelecer um mínimo de normalidade significa também reconstruir estruturas básicas que não existem mais. O sistema de esgoto de Gaza foi amplamente danificado, assim como a rede elétrica. O limitado alívio ao apagão se dá por meio de geradores e painéis solares. Um ano atrás, a cidade de Rafah contava com apenas um banheiro para cada 500 palestinos e um chuveiro para cada 2 mil. De lá para cá, o drama se expandiu.
No último sábado, Hamas e Israel conduziram uma nova rodada de troca de reféns. Mas, enquanto o grupo terrorista cobra o início das discussões da segunda fase do cessar-fogo, o governo americano, agora sob o comando de Donald Trump, ameaça tomar posse do território e transformá-lo em uma “Riviera no Oriente Médio”. Para isso, pressiona vizinhos árabes, como Jordânia e Egito, que por sua vez mantêm o discurso de unidade contra o deslocamento forçado da população palestina.
Para além de acordos de paz e costuras diplomáticas, a reconstrução de Gaza exigirá uma abordagem pragmática. Calcula-se que mais de uma década seja necessária para remover os escombros, e que os custos da reconstrução alcancem dezenas de bilhões de dólares. As informações são do portal O Globo.