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Política Após a Polícia Federal concluir investigação sobre cartão de vacina, Bolsonaro pede para ex-ministro ser ouvido

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O pedido ocorreu após a Polícia Federal concluir a apuração, com o indiciamento de Bolsonaro.

Ex-presidente foi condenado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. (Foto: Agência Brasil)

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou que o ex-ministro Wagner Rosário seja ouvido como testemunha na investigação sobre um suposto esquema de fraude de cartões de vacina. O pedido ocorreu após a Polícia Federal (PF) concluir a apuração, com o indiciamento de Bolsonaro.

A investigação ocorre desde o ano passado. Em maio deste ano, a PF apresentou um relatório afirmando que Bolsonaro cometeu os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação, o que ele nega.

Em abril, a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu solicitar mais apurações, para saber se o ex-presidente utilizou o comprovante falso que foi emitido em seu nome para entrar nos Estados Unidos. A resposta veio no mês passado: o governo dos Estados Unidos informou à Polícia Federal que não há registros de uso do cartão. Com isso, o caso voltou à PGR, que decidirá agora se há elemento para apresentar uma denúncia.

Em petição apresentada nesta semana ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa de Bolsonaro alega que quando ele prestou depoimento, em maio de 2023, mencionou autoridades que poderiam ser ouvidas, mas que isso não ocorreu.

Por isso, os advogados pedem o depoimento de Wagner Rosário, que comandou a Controladoria-Geral da União (CGU) no governo Bolsonaro e atualmente chefia a Controladoria-Geral de São Paulo. A sugestão para ouvi-lo foi feita porque a investigação sobre os dados falsos de vacinação de Bolsonaro começou na CGU, em 2022.

“A testemunha indicada é fundamental tanto para corroborar as declarações do requerente quanto para preencher importantes eventuais lacunas já evidenciadas na investigação”, dizem os advogados.

A defesa também cita a possibilidade de ouvir o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, mas não formaliza o pedido.

Relatório da PF

Segundo a Polícia Federal, o esquema começou em novembro de 2021, quando Cid pediu ao sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, seu colega na Ajudância de Ordens da Presidência, que o auxiliasse a conseguir um cartão de vacinação forjado para sua esposa Gabriela Santiago Cid.

Reis acionou então seu sobrinho, o médico Farley Vinicius de Alcântara, que obteve um cartão de vacinação da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, preenchido com duas doses da vacina contra a covid-19, em nome de Gabriela.

Os dados da vacina (data, lote, fabricante, aplicador) foram retirados de um cartão de vacinação de uma enfermeira que teria sido vacinada na cidade de Cabeceiras (GO), segundo mensagens extraídas do serviço de nuvem em que Cid armazenou suas mensagens de WhatsApp.

Esse primeiro cartão de vacinação forjado foi produzido com anotações manuscritas, e assinado por Alcântara, médico sobrinho de Reis. Por meio de dados de geolocalização, a PF mostrou que o celular pessoal de Gabriela Cid encontrava-se em uso em Brasília, no dia em que ela supostamente tomou a vacina em Cabeceiras.

Segundo os dados do cartão falso, Gabriela teria tomado uma dose de vacina no dia 17 de agosto de 2021, do lote FF2591, e outra no dia 9 de novembro de 2021, do lote TG3529. Inquirido, o médico reconheceu como autêntica sua assinatura e carimbo no documento, mas disse não saber se as doses foram de fato aplicadas.

Para a PF, ele sabia da falsificação ao ter copiado as informações de um outro cartão de vacinação. Na época dos fatos, ele trabalhava como plantonista no hospital de Cabeceiras. Gabriela, por sua vez, admitiu aos investigadores que não tomou a vacina contra covid-19.

Em acordo de delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid admitiu o envolvimento no esquema e ajudou na investigação.

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