Sexta-feira, 18 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 9 de abril de 2025
Ex-líder do União Brasil, o deputado federal Elmar Nascimento defende o agora ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho das acusações sobre desvio de emendas parlamentares — o correligionário foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República na terça-feira (8), o que resultou na saída do cargo. Em entrevista ao jornal O Globo, Elmar lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também teria sido alvo de injustiça no passado. O deputado afirma ainda que o partido precisa decidir até o fim do ano se fica ou não no governo.
— Veja os principais trechos da entrevista:
1) Como o senhor avalia a saída de Juscelino Filho do Ministério das Comunicações?
A decisão estava na mão dele, resolveu pedir demissão para preservar a família. Vai voltar para a Câmara. O nome natural para sucedê-lo é o do líder da Câmara (Pedro Lucas Fernandes), naturalmente indicado (ao governo).
2) Havia ambiente para ele continuar no governo após a denúncia da PGR?
A denúncia não se refere a nenhum ato dele como ministro. Foi um ato típico da atividade parlamentar, de distribuição de emendas. A denúncia que é recebida é de uma atividade no ministério? É sobre uma coisa que antecedia. O presidente (Lula) foi vítima disso, foi denunciado, foi condenado, chegou a cumprir pena, que foi anulada. No lugar do presidente, essas coisas não me pautariam, porque ele foi a maior vítima disso. Ele daria o mesmo tratamento a um ministro do PT?
3) O senhor vê a possibilidade de o União Brasil apoiar a reeleição de Lula em 2026?
Não é justo o partido ficar até junho do ano que vem no governo e não ir com o presidente. Tem que deixar o governo até o fim deste ano se não for apoiar o Lula. Não é correto chegar no meio do ano que vem e mudar de lado. Hoje, a maioria não vai com o governo. Você tem uma parte que apoia o (Ronaldo) Caiado, uma parte que quer um candidato da direita, e tem uma parte que é do governo. Está dividido.
4) Qual é o caminho que o senhor acredita que o partido deve seguir?
Nós estamos dando governabilidade ao governo, isso não vai mudar. Com relação à questão eleitoral, vai depender do comportamento de quem vai ser o candidato da direita. Tem candidato que não dá pra ir, e tem candidato que pode convergir todo mundo. (Jair) Bolsonaro dá para ir, se a Justiça Eleitoral o liberar. Com Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo), vai todo mundo.
5) Sem Bolsonaro, Tarcísio então deve ser a escolha da direita?
É uma escolha pelo pragmatismo. Vai mercado financeiro, vão os sete governadores da direita. Mas o Tarcísio só vai (se candidatar à Presidência) se for convocado pelo Bolsonaro. Aí vai todo mundo, falando dos partidos de centro.
6) E como fica a candidatura de Ronaldo Caiado, do seu partido?
Eu vejo um Brasil polarizado entre o presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro, ou um candidato dele. Eu não vejo, em 2026, possibilidade de fugirmos dessa polarização. O Caiado aposta numa coisa diferente. Se ele conseguir, vou me render e dizer que eu estava errado.
7) Após ser preterido por Arthur Lira (PP-AL) para para sucedê-lo na presidência da Câmara, ficou alguma mágoa?
Eu não diria mágoa, diria decepção. Não por não ter sido indicado, mas porque ele chegou a chamar os líderes para dizer que eu seria o indicado e, no outro dia, não fui. Todo mundo acompanhou isso. Mas isso é passado. Eu vou no gabinete dele, ele vem no meu, tratamos de assuntos em que pensamos iguais. Agora, passar o Réveillon juntos, o carnaval juntos? Não.
8) Como o senhor vê o seu futuro político?
A decisão a gente toma quando o momento exige, todas as opções estão postas. Em fevereiro, nós vamos ter uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), quem não gostaria? Vou avaliar, porque se eu sair (candidato), é para ganhar.
Essa vaga estava cotada para o PT.
Como você vai convencer, em ano de eleição, a bancada do PL a votar em alguém do PT? Por ser ano eleitoral, eles começam com 150 votos contra. (Com informações do jornal O Globo)